A volta às aulas está se aproximando e, com ela, aquela ansiedade mais que normal, principalmente por parte das mamães e, se esta mamãe for de primeira viagem, posso garantir que a ansiedade consegue ser maior ainda.
Ainda lembro muito bem do dia em que decidi que minha princesa iria para a escola e como foi fácil fazer as visitas, difícil fazer a matrícula e horripilante o momento em que a deixei na escola e fui embora.
Para entender o porque Sophia foi para a escola, terei que explicar algumas coisinhas!
Eu trabalho no consultório odontológico da minha mãe desde os treze anos, lá sou tudo menos ser dentista, então posso dizer que sou extremamente importante para o bom funcionamento do consultório. Quando engravidei, fiquei com a minha mãe até o dia anterior ao nascimento da Sophia, mas já havia deixado claro que, depois que minha filha nascesse, eu não voltaria nunca mais para o consultório.
Minha mãe contratou uma secretaria que, infelizmente, não se adaptou a rotina do consultório e, aliado a isso, eu estava muito infeliz, era a maternidade, morar com o namorado, ser dona de casa e, tinha ainda a chatice que a gente morava muito longe de tudo e de todos, então eu passava dias dentro de casa, sem ver nada nem ninguém. Todos os dias minha mãe me ligava e falava “Ah Má, o que você fez comigo, por que você foi engravidar e me deixar na mão.”, era muito horrível, eu já me sentia péssima por ter atrapalhado a vida de todo mundo engravidando e, ainda prejudiquei a vida profissional da minha mãe, que péssima filha eu era!
Um dia, ela me ligou e fez a seguinte proposta “Eu pago o salario e mais os valores dos impostos que pago para a secretaria, você volta para o consultório e, tem dinheiro e eu tenho você. Que tal?!”, eu tinha alguma chance de dizer não?!!? Tinha, mas não fiz e aceitei. O problema é que isso implicaria em me afastar da Sophia, mas, se posso ser super sincera, naquele momento, eu nem pensei muito menos sofri com isso!
Eu voltaria a trabalhar em pouco menos de quinze dias, então eu precisava correr para ver o que eu faria com a pequena. Para começar, analisei aquilo o que eu NÃO queria: deixar a princesa com minha sogra nem com babás. Isso era fato! Então, como eu confiaria apenas na minha mãe e, ela trabalha fora e eu trabalharia com ela, só restava mesmo a escola.
Para escolha da escola, alguns pontos foram estabelecidos e com as devidas justificativas, como por exemplo:

* A escola deveria ser próxima ao meu trabalho;
Por que?! Se acontecesse alguma coisa, eu estaria próxima, conseguiria sem problemas me deslocar do consultório até a escola.
* O valor da mensalidade deveria se encaixar no nosso estilo de vida;
Por que?! Eu poderia usar o valor do meu salário e mais um pouco e dar uma educação magnífica para minha filha, mas, não seria nosso padrão de vida.

* Número pequeno de crianças numa mesma sala;
Por que?! Se eu que era a mãe tinha momentos em que me via perdida com um bebê e, com todo amor do mundo, tenha momentos que tinha vontade de sair correndo, imagine muitos bebês, todos chorando?! Desesperador né! Então queria uma sala ampla com poucos bebês.

* Alimentação saudável;
Por que?! Sophia estava começando a fase da introdução dos alimentos sólidos e, gostaria de uma escola que se preocupasse em me auxiliar nessa fase.

* Higiene pessoal do bebê;
Minha filha, particularmente, é muito calorenta e, a cada soninho, transpirava demais e, a probabilidade de pegar uma gripe era enorme, então eu precisava de uma escola que após o soninho, desse banho e trocasse a roupa dela e, mesmo que não dormisse mas transpirasse, tivesse o cuidado de trocar sua roupa. Havia também a parte da troca de fralda e a higiene das genitais, e isso era algo que eu teria “pagar para ver”, afinal, somente o tempo iria me mostrar como se daria esse processo.

* Refeitório;
Nada mais importante do que o refeitório numa escola. O ambiente em que é preparada e servida a refeição, demonstram com clareza como a escola enxerga valores como higiene, segurança, saúde e até respeito.

* Banheiros;
Embora naquele momento Sophia não fosse fazer uso do banheiro, é mais um ponto em que eu poderia observar como a escola era cuidada e limpa, porque, se um banheiro infantil não estivesse limpo e cheiroso, o que esperar de outros ambientes?!

* Recreação;
Tá certo que Sophia ainda era um bebê que estava prestes a começar a engatinhar, mas eu tinha consciência de que ela não poderia passar seis, sete ou mesmo oito horas numa sala. O ambiente aonde ela iria brincar e interagir com seus amigos deveria ser seguro e muito estimulante.

* Uniforme;
Eu não sei vocês, mas até o segundo ano de vida da princesa, eram três ou quatro trocas de roupas num mesmo dia, isso quando não estava doente. Por isso, eu me preocupava com a quantidade de roupas que Sophia usaria por dia na escola. No berçário, não havia a necessidade da compra do uniforme, mas era aconselhável, uma vez que identificava os amigos como iguais, sem diferenças.

* Hora do sono;
Uma preocupação muito grande que eu tinha é com o horário do sono. Tinha medo de haver horário para dormir e para acordar, ou mesmo não poder dormir. Realmente havia um horário em que todos os bebês dormiam, mas se o sono aparecesse num horário diferente daquele, tudo bem, o bebê era colocado para tirar um cochilinho e tudo ficava novo em folha após acordar.

* Formação dos professores;
Você acha que nessa eu exagerei né?! Mas posso garantir que não! Como lidar com um bebê, delegar o início da educação do meu maior amor do mundo para alguém que fala errado?!

* Horário de visita;
Se existe algo que me deixa com o pé atrás é essa história de agendar visita. Qual o problema de eu chegar de surpresa e pedir para visitar a escola e ver minha filha?! Será que é preciso estar preparada para que eu não veja alguma coisa que me desagrade?!

* Metodologia;
Do pouco que conhecia a respeito desse assunto, sabia que tinha preferencia por uma escola que tivesse uma união entre estudo e lúdico, uma interação entre ser e saber, entendem?!?
Como eu não amamentava, não me preocupei com questões como ir até a escola para amamentar ou mesmo levar meu leite para que oferecessem na mamadeira, mas se você amamenta, não se esqueça de perguntar sobre isso!
Visitei poucas escolas, lembro-me de uma que visitei que senti uma tristeza tão grande! Nessa, no berçário haviam duas professoras, uma mais jovem e uma senhora. Enquanto a mais jovem escrevia na agenda dos alunos o relatório do dia, a senhora “interagia” com as crianças: ela ficava sentada quase dormia enquanto as crianças ficavam sentadas no chão ou no bebê conforto, no escuro, ouvindo o barulho ambiente.
Quando entrei na minha escola de eleição, fui surpreendida por uma alegria, que começava pelo porteiro e não tinha fim! As coordenadoras, as professoras e os alunos eram muito felizes, coisa que não consegui ver, muito menos sentir na outra escola! A cada momento, ia mentalmente avaliando a escola de acordo com os ponto estabelecidos e, tendo a certeza de que era a melhor escolha para mim. Um pouco antes de irmos embora, passamos na frente da possível sala da Sophia e, lembro-me como se fosse hoje, haviam duas professoras para uns cinco bebês, todos no chão, com uma música gostosa no fundo; A professora se levanta, pede licença e nossa permissão para colocar Sophia na sala com os amigos, eu autorizei. Sophia interagiu com os amigos, se sentiu em casa e, não queria mais sair dali.
Se eu fiz a escolha da melhor escola, para mim, para minha filha, para minha família, acredito que sim! Ela preencheu todos os nossos requisitos com nota máxima e, até agora, nunca nos faltou nem falhou! Nunca tive problemas como amizades, professores, enfermidades ou qualquer outro tipo de preocupação. Sophia está em seu quarto ano na escola e, tenho a felicidade de saber que todos os que estiveram com ela no berçário continuam na escola também, isso significa que todos os alunos são tratados com amor e carinho.

A princesa em seu primeiro dia de aula, 01/09/2009.
A princesa em seu primeiro dia de aula, 01/09/2009.

Dizer que foi fácil deixa-la no primeiro dia de aula?!? NUNCA!! Dizer que fiquei feliz em me separar da minha vida com apenas seis meses de vida foi gostoso?!? JAMAIS!!! Mas foi importantíssimo, para mim e para ela! Tenho certeza que ela se desenvolveu muito em função da escola, aprendeu a se defender também, assim como aprendeu a dividir.
Hoje eu defendo que a criança deva sim entrar para a escola antes dos sete anos. Não precisa ir tão cedo como Sophia foi, mas com dois, três até quatro anos, acho extremamente válido. Lembro-me do meu primo quando era pequenino e minha tia dizia que “ano que vem eu coloco”, começava o ano e ela pulava mais um ano. Foi com sete anos que meu primo entrou na escola e, até aquele dia, foi um menino solitário, estimulado é verdade, mas tinha contato apenas com adultos e vivia num castelo cercado de serviços e serviçais, onde tudo era dele e para ele! Hoje com quase dez, é um excelente aluno, mas um amigo bastante difícil de conviver!
Espero que meu relato ajude as mamães a confiarem que dará sim tudo muito certo se esse será o primeiro ano dos frutinhos na escola! Prometo que em breve farei um texto com dicas de adaptação, mas acreditem: quanto mais novo foi o frutinho, mais fácil ele irá se adaptar, na verdade, quem precisa se adaptar somos nós, as mamães! Pensem nisso, OK?!?
Beijos, Má