A psoríase é uma enfermidade da pele, autoimune, não contagiosa e sem cura. A presença das manchas róseas ou avermelhadas, cobertas por escamas esbranquiçadas, bem delimitadas com descamação, às vezes causando coceira, que podem surgir em qualquer lugar do corpo, atinge cerca de 1,3% da população brasileira. Existem várias formas da doença, sendo a mais comum em placas no couro cabeludo, cotovelos e joelhos.
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), aproximadamente três milhões de brasileiros são acometidos por psoríase, e a incidência é maior em homens e mulheres entre 30 e 39 anos. Sua causa é desconhecida, mas se sabe que pode estar relacionada ao sistema imunológico, às interações com o meio ambiente e à suscetibilidade genética. Acredita-se que entre 30% e 40% dos pacientes de psoríase têm histórico familiar da doença. Cerca de 20% dos pacientes tendem a evoluir para as formas graves.
Dados da SBD indicam que a psoríase tem um perfil cíclico, ou seja, apresenta sintomas que desaparecem e reaparecem periodicamente. Os principais fatores de risco para desenvolvimento da doença ou piora do quadro clínico já existente são o estresse, sistema imunológico debilitado, obesidade, tempo frio, consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo.
O tratamento pode ser tópico, sistêmico, biológico ou por fototerapia, a depender do tipo e gravidade de psoríase. Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais fácil será o tratamento, por isso é importante estar atento aos sinais.
O verão, por ser a estação na qual a pele fica mais exposta ao sol, é o período de maior preocupação e cuidado para esses pacientes. Acredita-se que no verão, 62% dos psoriáticos deixam de expor seus corpos em praias e piscinas devido à vergonha e baixa autoestima causada pelas manchas na pele.
29 de outubro é o Dia Mundial da Psoríase. A data foi instituída em 2004, após a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhecer a doença como enfermidade grave, e é lembrada em ao menos 59 países, incluindo o Brasil.
FAMOSOS COM PSORÍASE
Algumas celebridades são portadores de psoríase e vivem tranquilamente com a doença. Com tratamento correto, é possível ter uma vida tão normal, capaz de nem interferir no dia a dia ou ainda na estética. A atriz norte-americana Cameron Diaz, a empresária e socialite Kim Kardashian, a modelo e atriz britânica Cara Delevingne e a cantora Cindy Lauper são algumas celebridades com psoríase.
MITOS E VERDADES
Por ser uma doença pouco discutida, ainda é cercada por mitos. Por isso, vamos falar sobre alguns tópicos e explicar o que é mito ou verdade.
Paciente com psoríase deve se expor ao sol. VERDADE – A exposição solar moderada é um excelente tratamento para as lesões, mas em exagero pode levar a piora do quadro.
O estresse é a causa da doença. MITO – O estresse é um gatilho importante para início mas existem diversos fatores para seu surgimento como fatores genéticos, imunológicos e ambientais.
Psoríase não é contagiosa. VERDADE – A psoríase não apresenta nenhum risco de contato.
Psoríase tem tratamento. VERDADE – Existem vários tratamentos porém não existe cura.
Psoríase acomete apenas a pele. MITO – Atualmente é considerada uma doença sistêmica, que acomete vários órgãos e sistemas.
TIPOS DE PSORÍASE
De acordo com a localização e características das lesões, existem vários tipos de psoríase:
Psoríase vulgar ou em placas – lesões de tamanhos variados, delimitadas e avermelhadas, com escamas secas, aderentes, prateadas ou acinzentadas que surgem no couro cabeludo, joelhos e cotovelos;
Psoríase invertida – lesões mais úmidas, localizadas em áreas de dobras como axilas, virilhas, embaixo dos seios e ao redor dos genitais. São manchas inflamadas e vermelhas. O quadro pode agravar em pessoas obesas ou quando há sudorese excessiva e atrito na região.
Psoríase eritrodérmica – é o tipo menos comum. São lesões generalizadas em 75% ou mais do corpo, com manchas vermelhas que podem coçar ou arder intensamente, levando a manifestações sistêmicas. Ela pode ser desencadeada por queimaduras graves, tratamentos intempestivos (como uso ou retirada abrupta de corticosteróides), infecções ou por outro tipo de psoríase mal-controlada;
Psoríase ungueal – surgem depressões puntiformes ou manchas amareladas, principalmente nas unhas das mãos. Faz com que a unha cresça de forma anormal, engrosse, escame, mude de cor e até se deforme. Em alguns casos, a unha chega a descolar do leito ungueal.
Psoríase do couro cabeludo – surgem áreas avermelhadas com escamas espessas branco-prateadas, principalmente após coçar. O paciente pode perceber os flocos de pele morta em seus cabelos ou em seus ombros, especialmente depois de coçar o couro cabeludo. Assemelha-se à caspa.
Psoríase artropática – em cerca de 8% dos casos, pode estar associada a comprometimento articular. A artrite psoriática, como também é conhecida, causa fortes dores nas articulações. Afeta mais comumente as articulações dos dedos dos pés e mãos, coluna e juntas dos quadris e pode causar rigidez progressiva e até deformidades permanentes. Também pode estar associada a qualquer forma clínica da psoríase.
Psoríase gutata – pequenas lesões localizadas, em forma de gotas, associadas a processos infecções bacterianas, como as de garganta, por exemplo. Geralmente, aparecem no tronco, braços e coxas (bem próximas aos ombros e quadril) e ocorrem com maior frequência em crianças e adultos jovens;
Psoríase postulosa – nesta forma de psoríase, podem ocorrer manchas, bolhas ou pústulas (pequena bolha que parece conter pus) em todas as partes do corpo ou em áreas menores, como mãos, pés ou dedos (chamada de psoríase palmoplantar). Geralmente, se desenvolve rápido, com bolhas de pus que aparecem poucas horas depois de a pele tornar-se vermelha. As bolhas secam dentro de um dia ou dois, mas podem reaparecer durante dias ou semanas. A psoríase pustulosa generalizada pode causar febre, calafrios, coceira intensa e fadiga.
Psoríase palmo-plantar – as lesões aparecem como fissuras nas palmas das mãos e solas dos pés.
Atualmente, sabe-se que a psoríase não acomete apenas a pele. Em torno de 30% dos pacientes podem apresentar problemas articulares, sendo fundamental o reconhecimento precoce dessa manifestação para o início do tratamento adequado. Além disso, os portadores de psoríase têm maior chance de apresentar outras doenças, como hipertensão arterial, diabetes e obesidade. A presença dessas doenças impacta diretamente a escolha do tratamento, que deve incluir o controle das mesmas. Logo, é importante que os pacientes sejam tratados precocemente, evitando assim o agravamento do quadro e melhorando sua qualidade de vida.
A psoríase pode ter um impacto significativo na qualidade de vida e na autoestima do paciente, o que pode piorar o quadro. Assim, o acompanhamento psicológico é indicado em alguns casos. Outros fatores que impulsionam a melhora e até o desaparecimento dos sintomas são uma alimentação balanceada e a prática de atividade física. O paciente nunca deve interromper o tratamento prescrito sem autorização do médico. Esta atitude pode piorar a psoríase e agravar a situação. Infelizmente a psoríase não tem cura, mas com os tratamentos disponíveis atualmente, é possível ter boa qualidade de vida e prevenir possíveis complicações.