Quem me conhece sabe que meu paladar é limitadíssimo. Sou aquela pessoa que poderia facilmente ir parar no programa Que Marravilha! — a “chata para comer” do chef Claude Troisgros — e ainda fazer ele perder. E perder feio.
Muitas pessoas já quiseram me inscrever no programa. Algumas chegaram a começar a inscrição… Mas meu pai foi o único que não concordou, porque sabia que eu não iria experimentar nada. Nos episódios em que a pessoa não comia, o Claude ficava chateado — e meu pai não queria fazer essa “desfeita” com o renomado chef.
Então, se você quiser me convidar para jantar, nem ouse preparar um cardápio refinado só para bancar a fina. Saiba que:
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Pizza é de calabresa, e ponto.
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Pão com linguiça é vida.
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Churrasco? Só se for carne bovina mal passada.
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Massa, só com molho quatro queijos ou bolonhesa.
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Cachorro-quente é pão, vina, maionese e batata palha — ou só vina com molho e mais nada.
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Sanduíche: pão, carne, queijo e pouca maionese.
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PF raiz? Arroz, feijão, bife, batata frita, ovo frito com gema no ponto e farofinha simples. Nada de milho, ervilha ou banana!
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Strogonoff? Adoro, mas sempre tiro o milho e o champignon.
Mas… o que eu estava falando mesmo? Ah, lembrei! — Nota mental: Marcella, foco! 😅
Acontece que chegou junho. E se tem uma coisa que me deixa animada de verdade é a festa junina. Aquela famosa por suas comidas incríveis que… eu NÃO COMO. 😅 Então por que gosto tanto dela?
Simples: porque eu amo cachorro-quente e pipoca! E só isso já me basta. Mas, além disso, eu amo a energia da festa, a música, a decoração, o clima. Poderia ir em várias, o mês inteiro. Aliás, todo ano fico com vontade de fazer meu aniversário com o tema, com todo mundo a caráter. Quem sabe um dia, né?
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Mas afinal, por que a festa junina acontece em junho?
Sempre me perguntei isso. De uns anos pra cá, até inventaram as “festas julinas” (e às vezes “agostinas”), porque quatro finais de semana não são suficientes pra tanta animação. Mas por que, originalmente, essa festa acontece em junho?
Descobri que, assim como muitas outras tradições, a festa junina tem origem em rituais pagãos da Europa pré-cristã, ligados ao solstício de verão — época de fartura, colheitas e celebrações. Nessa época, os povos homenageavam a deusa Juno, esposa de Júpiter. Por isso, as festas eram chamadas de “junônicas”.
Com o tempo, o catolicismo foi ganhando força e transformando essas celebrações pagãs em festas religiosas. Junho passou a ser o mês de vários santos católicos:
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Santo Antônio (13 de junho)
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São João Batista (24 de junho)
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São Pedro e São Paulo (29 de junho)
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São Marçal (30 de junho)
Por isso, a festa passou a se chamar também “joanina”, em homenagem a São João — o dia 24 é, até hoje, o mais tradicional das festas juninas.
E como a festa chegou ao Brasil?
Com a colonização portuguesa. E aqui foi fácil de pegar: os povos indígenas e africanos já tinham suas próprias celebrações ligadas à terra e à colheita. O clima pode até ser outro (afinal, aqui é inverno!), mas isso nunca foi impedimento para a nossa alegria.
Aliás, o brasileiro fez o que sabe fazer de melhor: brasileirou a festa. Colocou roupa caipira com remendo, dente pintado, casamento na quadrilha, correio elegante, pau de sebo, barraca do beijo e muita, mas muita comida.
Por ser originalmente uma festa de agradecimento pela colheita, ela era comum em áreas rurais. Mas aqui, por algum motivo que só brasileiro entende, virou sinônimo de “caipira”: roupa de retalho, trancinha e pintura no dente simulando ausência de higiene bucal. A gente faz arte até com a falta de lógica.
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Fogueira, balão e a quadrilha
A fogueira — que nas origens servia para afastar maus espíritos — hoje serve para aquecer quem não está dançando ou mandando ver no quentão. Já os balões, que antigamente anunciavam o início da festa, foram proibidos por lei por motivos óbvios (fogo, né?). Mas continuam presentes em forma de dobraduras coloridas na decoração.
E a quadrilha? Ah, a quadrilha é o ponto alto! Ela surgiu da “quadrille”, dança de salão francesa com quatro pares. Aqui, virou uma peça teatral completa: moça grávida, pai obrigando o casamento, padre, delegado, noivo fujão sendo preso e, no fim, muita dança e alegria — tudo com sotaque forçado e muito “olha a cobra! É mentira!”
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Ê trem bão sô!
Não tem como não amar. Eu, se pudesse, iria em todas as festas juninas possíveis. Mas me faltam convites! 😅
Se você souber de alguma em Curitiba — escola, paróquia, quermesse, bairro — me chama, por favor! Por uma pipoca, eu vou fácil.
E se souber onde comprar ou alugar roupas típicas, me conta também. Esse ano quero colocar a Gatoca incrivelmente caipira no look.
Enquanto isso, pra entrar no clima: arrasta os móveis da sala, sobe o som e mexe o quadril sem medo de ser feliz. Porque isso, minha amiga, é o clássico caipira raiz!
Beijos, Má