Estava visitando o blog da minha querida amiga Cami, onde ela escreveu um texto sobre o nascimento da princesa Eloíse. E me lembrei do dia em que minha princesa nasceu! Ah meu Deus! Se alguém me contasse juro que ia achar que era mentira. Vamos aos fatos!

Eu não sei a data que engravidei, então a data prevista para o parto era toda baseada nas medidas na Sophia. Se ela fosse gigante, a data poderia ser adiantada; se ela fosse pequena demais, ficaria por anooos na barriga. Enfim, era oração para eu entrar em trabalho de parto. Esse era o maior medo da minha mãe, eu agendar uma data e a Sophia não estar pronta.

Os poucos meses de gestação foram passando e o dia marcado nas ecografias se aproximava. Era entre 06 a 08 de fevereiro. Não pude viajar no Natal nem no Revellion, ficamos por aqui mesmo. Meus pais viajaram, afinal, meu pai não olhava na minha cara, muito menos na minha barriga, então passei o Natal com a família do Ramon e ano novo todos viajaram, ficamos eu, Sophia na barriga, Ramon, Hendrix e Joplin (os cachorros) na antiga casa que a gente morava. EU fiz a ceia e tudo o que tinha direito.

Na consulta do mês de janeiro, meu médico falou para deixarmos agendada a cesária para o dia 08/02, às 08 hora, que seria um domingo. Eu falei que beleza, já que tinha que deixar uma data marcada, mas já que estávamos marcando, será que não poderíamos marcar para o dia 31 de janeiro, aniversário do meu pai e do pai do Ramon?! Ele disse “NEM PENSAR! As 40 semana encerram dia 08/02 pelas ecografias, 31/01 é muito antes. Se romper a bolsa nesse dia é uma coisa, caso contrário será dia 08!”. Tudo bem. Vamos marcar.

Dia 31 saímos para jantar e eu era o centro das atenções “Má ta sentindo alguma coisa?!”; “Má ta bem?”; “Má vai nascer?” … Sophia nem se mexeu!

Quando foi dia 02/06 de 2009, uma segunda-feira, fui fazer a ultima consulta no obstetra. Até aquele dia Sophia estava super encaixada para um parto normal, e eu estava aberta a essa experiência. Cheguei ao consultório, o médico foi direto ouvir o coração e nada, nadinha de nada! Pensa desespero. Pensa coração parado. Pensa aflição. Era eu pensado que depois de tudo, na reta final, minha filha tinha morrido. Não Marcella, ela só saiu do lugar e se deitou! Enfim … meu obstetra falou “A gente tinha marcado o parto para o dia 08/02, domingo às oito horas, vamos antecipar para dia 07/02, sábado às 07 horas?!”. Odiei. Primeiro que eu já não tinha gostado dessa história de marcar data e, dia sete, as sete hora, não gostei! Achei o dia feio (me perdoem quem nasceu em sete de fevereiro, mas eu não curti). Mas fazer o que, marquei. MAS ele marcou uma nova consulta para a sexta-feira,06/02 às 16horas.

Chegou quinta-feira e eu estava muito cansada. Tinha trabalhado o dia todo (eu trabalhei até o dia anterior ao nascimento e tinha paciente marcado para sexta-feira), um calor, mal conseguia comer. No final do dia meus pés inchavam porque eu ficava muito tempo ou sentada ou em pé. Um caos. Fui na casa do Ramon e chorei, chorei chorei … óó céus, óó vida! Sem falar que desde que entrei no nono mês eu não podia jantar a noite … minha mãe me falou horrores daquela lavagem estomacal!

Cheguei em casa, tomei banho e dormi! Dormia sentada assistindo novela. Não apagava nem a luz! Como fui obrigada a dormir com a porta aperta, alguém sempre vinha desligar a televisão. Quando foram cinco hora da manhã, uhmmmmmmmm, cólica. Uma pontada, um desconforto, um … passou. Que susto. Quinze minutos depois, a mesma coisa. E assim foi até umas seis e meia, quando eu levantei, fui até o quarto dos meus pais e falei “Mãe, to sentindo uma coisa estranha. Uma cólica que vem das costas até a barriga e para. O que é isso??”. Ela sentou na cama, super dormindo e falou “Vai tomar banho, lava o cabelo que tua irmã vai fazer uma escova em você. Você está em trabalho de parto. Há quanto tempo está sentindo isso?”; “Faz uma hora e meia, está de quinze em quinze minutos.”. Fui pro banho, lavei o cabelo, minha irmã dormindo fez uma escova, liguei pro Ramon e liguei pro meu médico contando a situação. Ele me pediu que fosse para o hospital fazer um exame chamado cardiotocagrafia. Eu fiz teste do toque, 2cm de dilatação e nesse exame cardiotoco nada que exigisse mudanças nos planos. Nos veríamos na consulta as quatro da tarde. 

Saímos do hospital e fomos comprar roupinha e os chocolates da lembrancinha da maternidade. As vendedoras olhavam para mim e perguntavam “Quantos meses?”; “Nove”; “Nossa, e é pra quando?!”; “Pra agora, eu to em trabalho de parto!”. Até hoje elas lembram de mim, quem vai fazer compra em trabalho de parto.

A única coisa que foi estranha foi que não quis almoçar, pedi para ir para casa deitar. Minha mãe viu que eu não estava 100% e ligou para o médico. Nos encontramos no hospital em vinte minutos. Nisso, as contrações eram de cinco em cinco, e depois que minha mãe falou com ele, passou de minuto a minuto. Eu estava com os mesmos míseros 2 centimetros de dilatação, a bolsa não havia rompido e contração a cada minuto. “Vamos conhecer a Sophia agora?” ele me perguntou. Eu disse que sim!

Nunca havia entrado num hospital além do pronto-socorro. Cirurgia, só extração de ciso. Nunca quebrei braço nem perna, embora sempre quisesse. E lá fui eu e Deus para o centro cirúrgico. Aquele avental maravilhoso, pró-pé, gorro, só não tirei os brincos! O Ramon entrou na sala em em segundos Sophia chorou. Eu não! Sim, eu não chorei! A Cami não chorou porque passou mal, outras não choraram porque não ouviram seus bebês chorarem, ou ainda porque não podiam chorar. Eu tinha tudo para chorar, mas não chorei. Na verdade me assustei. Sophia era simplesmente …… horrível! Ela era tão grande para minha barriga que ela nasceu toda amassada. Orelha, nariz, lábio. E nasceu preta. Tipo negra. Muito cabelo, e preto. Não era minha filha! O nariz estava achatado, a orelha parecia de lutador de vale-tudo. Um lábio estranho. Ela era horrível. Que decepção. E posso falar … quando iam nos visitar, todo mundo olhava e falava “Puxa, que bom que nasceu com saúde, perfeitinha.”, ninguém sequer falou “Que belezinha”. E ela não tinha cara de joelho (eu nunca entendi essa expressão), ela era feia.

Depois veio icterícia, daí aquelas bolinhas de gordura no rosto que parece espinha e me dava vontade de expremer e até descobrir que ela precisava de reforno de leite em pó, emagreceu uns 700 gramas. E foi assim por um mês! Até que ela engordou, deu uma encorpada e “tomou gosto” pela vida.

Hoke minha Sophia é minha pricesa linda! Que tem um pé com vida própria, um dente extra-numerário e conóide, mas é a princesa mais linda do universo. Um cabelo tão lindo, cheio de caichinhos; uma boca desenhada por Deus; um nariz tão batatinha que dá vontade de comer; mãos lindas e um popozinho que dá vontade de morder!

Hoje eu choro quando escuro aquela vozinha falar “Mamãe, eu amo você!”, tão puro, tão sincero, tão cheio de verdade; Hoje choro quando ela faz coisa errada e eu tenho que chamar a atenção; Hoje choro quando quero ficar com ela e ela precisa ficar na escola; Hoje choro porque sei exatamente o que é “amor incondicional”.
Nasceu!! 
Um banho faz muita diferença!!

Sophia com um dia de vida!

Éhhh, não podia ficar melhor!! Princesa!!