Essa foi última semana de férias da Sophia, na próxima segunda-feira ela estará no maternal III, onde, no curriculum escolar, teremos lição de casa, aulas de português, matemática, ciências e estudos sociais (história + geografia) sem contar que iniciará ainda a educação bilíngue, onde duas vezes por semana alguma dessas aulas será ministrada em inglês, ah, aproveitando que ela fica em período integral na escola, já fiz a rematrícula no ballet e natação e matriculei no Judô. UFA …. mas se fosse “apenas” isso que me fizesse parar para ver que o tempo está passando rápido demais, o “problema” é que daqui há vinte e quatro dias Sophia completará três anos … sim, eu disse TRÊS ANOS!!!
Eu não tinha a menor pretensão de mãe antes dos vinte e cinco anos; eu não tinha desejo em ser dona de casa antes dos vinte e dois anos; eu não tinha a menor ideia do que era ser gente grande antes dos vinte e quatro anos. Precisei acionar um botão do tipo liga/desliga numa fração de cinco minutos, a diferença é que minhas opções eram amadurecer+responsabilidade/responsabilidade+amadurecer.
Um dia eu precisei esquecer meus sonhos e desejos e assumir uma vida … na verdade duas: a minha e da minha filha! Não bastava ter mãe, pai, irmã ou mesmo namorado do lado dando apoio, eu precisava querer. Precisei deixar faculdade, sonho de morar fora do país, curtir viagens com amigas e/ou namorado, fazer loucuras de gente jovem, gastar dinheiro com bobagens, dormir quase amanhecendo o dia e passar o dia todo na cama sem fazer nada …. tudo o que eu tinha como certo para minha “juventude” me foi excluído em questão de cinco minutos, ou seja, o tempo para as tais duas listras cor de rosa aparecerem e se fixarem naquela tirinha de papel imersa no copinho cheio de xixi.
Sophia foi me dada como um presente … embora em alguns momentos eu tenha a julgado como um “presente de grego”, afinal, em muitos momentos houveram mais dores de cabeça do que prazeres. Acho que nos primeiros três meses eu mal pegava Sophia no colo, na verdade, eu mal olhava para ela. Não consigo me lembrar de absolutamente nada sobre aquele período … eu simplesmente apaguei da minha mente. O tempo em que estava com minha mãe, deixava Sophia em seus braços e ia dormir.
Algum tempo se passou a tudo o que eu havia delegado a minha mãe eu tentei pegar para mim. Tinha medo da Sophia ver na minha mãe a mãe dela. Loucura? Insanidade? Medo? Não sei … só sei que tinha medo de perder minha filha para a minha mãe. Gritei, chorei e briguei …. um erro atrás do outro.
Depois é que fui entendendo essa tal maternidade. Entender que eu precisava me aceitar em primeiro lugar como mãe. Não importa o que eu fizesse, Sophia teria meu DNA, meu sangue …. mas eu precisava entender, aceitar isso. Precisei parar e repensar a vida que eu queria oferecer para minha filha. Tudo isso foi no primeiro ano de vida.
Depois vieram as questões mais …. burocráticas das coisas. Ensinar a engatinhar, comer, brincar, andar, falar. Com o passar do tempo, as coisas começaram a fazer muito mais sentido e, aquela culpa pelos medos e erros do primeiro ano resolveram bater na minha porta como uma espécie de “castigo”. Como eu chorei … pensei em muitas vezes em desistir! Mas desistir do que? Da minha filha? Da minha família? Assim foi o segundo ano …
Até que em dois mil e onze (siiim, ano passado) parece que o céu se abriu e a maternidade se mostrou a benção da minha vida. É claro que fatos como ter me casado com papai Ramon influenciaram gigantescamente com o processo de aceitação e entendimento do real significado do conceito de núcleo familiar. Em muitos momentos foi preciso parar para decidir: eu + Sophia OU eu + Sophia + Ramon … viver num meio termo não me fazia feliz.
Foi no ano passado que pude entender o que era ser mãe. Compreender que é preciso mais do que entender e aceitar, é preciso viver. Ter orgulho de falar minha filha; ter vontade de abraçar seu frutinho; desejar sentar no chão e montar uma torre enooorme de lego e se divertir porque ele cai; não basta cantarolar e dançar, é preciso decorar todas as músicas do DVD Galinha Pintadinha; é necessário reconhecer todos os personagens dos Backyardigans.
Sophia hoje é a vida da minha vida! Sabe aquele papo de que se “meu filho está feliz, eu também estou” …. é bem verdade! Vê-la pulando e brincando é minha felicidade, e vê-la doente me mata. Ouvir sua voz, sentir seu cheirinho, tocar sua pele é o que realmente importa na minha vida.
6 comments
Que linda essa foto… 🙂
Má ter que incorporar essa maternidade de uma hora pra outra não é fácil…
Mas como dizem crescer dói e muito… Mas vale a pena.. 🙂
Você resgatou tudo a tempo.. Não se culpe… Você era muito nova e é assim mesmo…
Desejo que sejas feliz…
Beijocas e já estava com saudades…
Carol
Que bom que vc se encontrou como mãe… é de uma emoção enorme a gente gostar muito desse papel e se sentir confortável nele. E acho que te entendo porque as coisas aí aconteceram no susto, sem preparação ou desejo. Aqui foi diferente, ela foi planejada e desejada, então acho mais fácil lidar com a questão de ter me tornado mãe. Mas te admiro muito por expor sua intimidade tão abertamente, tenho certeza de que existem muitas mães que sentem a mesma coisa e tem vergonha de assumir isso. Beijos mil
Nossa Má, você nunca tinha falado isso assim tão abertamente!
Realmente a maternidade (principalmente quando não planejada) não é fácil, talvez você tenha tido até uma depressão pós parto.
Que bom que as coisas se ajeitaram e você conseguiu superar, parabéns eu sei que não é fácil!
Três anos já?! Mãe de uma mocinha ja!
Beijos
Ma ser mãe é tudo de bom né?!
As vezes no começo é um pouco dificil sim, mas quanto mais o tempo passa, mais minha certeza aumenta que ser mãe é simplismente perfeito, mesmo com todas as imperfeições! rs…
Beijos e amei ver o video da Sophia brincando com a filmadora… rsrs
Que linda!! A Sophia com seus três anos, cheia de carinho, amor e sempre com esse sorrisão de felicidade! Realmente vê-los felizes é a melhor coisa. Um filho feliz deixa uma mãe feliz!!
E os problemas vamos sempre superando. E prendendo sempre com eles!!! Bjooo enorme
Amiga linda. Ser mãe realmente não é fácil, imagino como deve ser mãe sem planejar..
Ainda bem que você conseguiu superar os problemas e se livrar da culpa. A Sophia tem um mãe maravilhosa e com certeza sabe disso.
Parabéns pela mãezona que você é!
E parabéns pelos 3 aninhos da princesa!
Super beijo de quem te admira muito
Paty