E há quatro anos eu ia dormir cansada, com vontade de voltar no tempo e nunca ter transando com meu namorado, por que só assim eu não teria engravidado e não estaria com aquela barriga grande e pesada.
E há quatro anos eu acordava às cinco horas da madrugada com umas dores estranhas que começavam na região lombar e caminhavam até o ventre e paravam por alguns minutos. O esquisito é que de tempos em tempos as dores voltavam e eram muito fortes, mas assim que passavam, parecia que eu nem tinha sentido dor alguma.
E há quatro anos eu levantava da cama por volta das sete horas, caminhava até o quarto dos meus pais e acordava minha mãe dizendo:
– Mãe, tô sentindo um dor estranha, começa aqui nas costas e vem até a barriga.
– E essa dor começou agora?
– Não, começou às cinco horas.
– Hummmm, então vai tomar um banho, lava o cabelo que eu vou pedir para tua irmã fazer uma escova.
Enquanto eu buscava minha toalha de banho, escutei meus pais conversando:
– Tuca, o que a Má está sentindo?
– Não se preocupa, Sophia nascerá hoje. Ela está em trabalho de parto.
E há quatro anos eu estava num hospital às dez da manhã fazendo um exame bem estranho chamado cardiotoco, que eu tinha que apertar um botão a cada vez que sentia uma contração. Por incrível que pareça deitada naquela maca parecia que eu não sentia nada. Fiz também um exame de toque e já estava com dois centímetros de dilatação!
E há quatro anos eu comprava algumas roupas para compor o enxoval da princesa e comprava os chocolates para a lembrança de maternidade. Lembro-me que entrava nas lojas e as vendedoras falavam:
– Nossa, que barrigão. É para logo né?!
– É sim, é para hoje ou no máximo amanhã, eu estou em trabalho de parto já!
– Nossa, que forte você!
E há quatro anos eu desistia de ir almoçar para ir para casa deitar e esperar pela consulta já marcada com o obstetra às quatro da tarde. Minha mãe se preocupou, já que sou forte para dor e não estava me aguentando em pé. Ligou para o obstetra e ele pediu que nós voltássemos para o hospital que ele iria me ver, pois pelo exame de cardiotocoainda não era a hora de internar, mas se as dores estão tão fortes, intensas e com períodos de um minuto de intervalo, melhor cuidar.
E há quatro anos eu estava no corredor de um hospital, no andar da maternidade esperando meu obstetra. Comigo estavam meu namorado e minha mãe. Sim, Sophia estava na barriga! Entre uma contração e outra, pose para a foto!

E há quatro anos eu era consultada pelo meu obstetra numa sala perto de um centro cirúrgico e ainda estava com dois centímetros de dilatação, e as contrações eram cada vez mais forte e, por decisão de todos, decidimos que era chegada a hora de conhecer Sophia.
E há quatro anos minha mãe e meu namorado começaram a ligar para todos os familiares e amigos para avisar: Sophia vai nascer!
E há quatro anos eu caminhava em direção a um centro cirúrgico, era nítido meu desespero e medo, afinal, nunca tinha sido internada, pouco visitei hospitais na vida e anestesia, apenas para extrair dente. Eu parecia uma rainha naquele lugar tão frio e diferente.

E há quatro anos chegou às 13h45min, horário que Deus abençoou a mão do meu obstetra e deu a ele o talento para me apresentar aquela que iria mudar a minha vida: SOPHIA.

E há quatro anos ….. e há quatro anos eu vivo e revivo todos os  dias essa história!
Sophia nasceu de parto cesáreo no dia seis de fevereiro de dois mil e nove, às 13h45min com 50cm e 3,495kg. Graças a Deus tudo foi perfeito, desde a cirurgia à recuperação. Óbvio que nem tudo foram flores, houve toda a dificuldade de amamentação e uma certa rejeição. #prontodesabafei

Lembro-me com tristeza que demorei muito tempo para curtir minha filha, que foram meses sem abraça-la, sem beija-la, sem deseja-la perto de mim. Culpava a nova vida, a nova fase, os hormônios … mas era uma questão de tempo de amadurecimento e aceitação. Vale lembrar que eu não queria engravidar muito menos estar grávida, que dirá ser mãe! Tudo foi tão novo, tão corrido, tão rápido.

Os meses foram passando, depois vieram os anos … anos esses que o amor foi crescendo e aumentando! Hoje eu não consigo me imaginar não sendo mamãe da minha gatinha! Eu sei que sou a melhor mamãe que a Sophia poderia ter e me orgulho demais disso. 

Na última quarta-feira, seis de fevereiro minha vida completou quatro anos! Sim, minha vida, porque há quatro eu sei o que é viver, não estou mais apenas viva! Hoje tenho um coração fora do meu corpo que bate de amor; Hoje eu tenho duas pernas que correm em busca de uma descoberta; Hoje eu tenho dois olhos que enxergam sensibilidade; Hoje eu tenho duas mãos que tocam apenas o que é bom; Hoje eu tenho um corpo que cresce e se desenvolve para ser feliz!


E eu fico muito feliz em poder comemorar esses quatro anos, porque como disse minha amiga, no dia seis de fevereiro eu comemoro quatro anos de ser mamãe! PARABÉNS PARA NÓS!

Beijos, Má