Dias atrás vi minha sobrinha usando a caixinha que foi parte da lembrança de maternidade da Sophia como porta cartas daquele jogo “UNO” e bateu aquela nostalgia, aquele momento flash back de como tudo aconteceu, desde a escolha da lembrancinha até a saída da maternidade com Sophia nos braços e, cheguei a seguinte conclusão: foram os melhores dias e as piores noites da minha vida!
Fui internada no hospital por volta das treze horas, sem saber que iria ser internada naquele dia, então posso garantir que não tinha a menor noção do que iria me esperar depois de sair da sala de parto, muito menos a coitada da Sophia que, até aquele momento, não tinha roupas ali na maternidade. Depois que a princesa nasceu, teve os primeiros cuidados e banho, recebi ela com uma roupa que nem me lembrava de tê-la colocado na mala da maternidade, mas sabia que com certeza tinha influencia da minha irmã, afinal, a primeira roupa da Sophia era uma que ela havia dado de presente.
ABRE ASPAS
Como eu não sabia como funcionava o tal do “trabalho de parto” e muito se falava em “cuidado que pode nascer prematuro”, a mala da maternidade foi feita quando entrei no oitavo mês, tanto a minha quanto da princesa, mas é óbvio que todo o dia ela era desfeita e feita novamente.
Uma semana antes do nascimento da princesa, um cano do banheiro social se rompeu e simplesmente ALAGOU o apartamento e, não sei o por que, o meu quarto foi o mais afetado e, as malas estavam no chão! Não preciso dizer o que aconteceu com as roupas né?! Sim, elas estavam encharcadas e, como moro em Curitiba-PR, nunca se sabe o clima de amanhã, por isso, tudo foi mandando para uma lavanderia que, conseguiu perder metade das minhas roupas, então … só Deus sabe o que colocaram na minha mala! A da Sophia, foi apenas reformulada, sem nenhuma perda na lavanderia!
FECHA ASPAS

Sophia nasceu às 13h45min de uma sexta-feira. Lembro-me que fomos para o quarto por volta das 15h/15h30min e ficamos sozinhas, por alguns cinco minutos, quando, mais que de repente alguém abriu a porta e gritou “Elas estão aqui!”. Sem brincadeira, de uma só vez entraram dez pessoas! Até aonde eu sabia, o máximo eram três mais o acompanhante, mas nosso quarto era uma festa! Ali, Sophia dormiu no colo de todo mundo que passava! A noite foi chegando, o calor aumentando, povo indo embora e Sophia querendo acordar!

Estava tão quente que era impossível conseguir dormir e, a cada quinze, vinte, no máximo trinta minutos aquele bebê chorava e eu não tinha a menor ideia do que deveria fazer. As enfermeiras já estavam me olhando torto, afinal, a cada choro eu apertava a campainha e lá vinham elas!
Não me lembro como dormimos naquela noite, só lembro de ser acordada na manha seguinte pela enfermeira para cuidados comigo e com a princesa! Banho, mamada, furar a orelha e receber maaaais visitas. O dia foi agitado, mas confesso que mais uma vez não consigo me lembrar de muitas coisas, apenas de uma amiga telefonando e querendo ficar uma hora conversando e receber pacientes da minha mãe, falando de assuntos completamente desconexos e longos.

Na visita do pediatra, ele diagnosticou Sophia com icterícia, ou seja, quando a criança fica amarelada em função de uma alteração fisiológica aonde ocorre o excesso de bilirrubina no sangue, com a dificuldade do fígado em capturar toda a quantidade de bilirrubina produzida, acumula no sangue e o bebê fica amarelo, então, solicitou banho de luz na minha vida. O problema é que o tal banho era no quarto, e não sei até hoje porque inventaram que o quarto deveria ficar numa temperatura de 36* C, então levaram um aquecedor e nos proibiram de abrir portas e janelas. Se isso já não fosse inferno o suficiente, levaram Sophia apenas de fraldinha aberta, com os olhos vendados e falaram a seguinte e dolorosa frase “Mãe, você não pode ter contato com a luz para não secar o leite, deixe o bebê aqui, quietinho.”. Acho que o pouco do leite que eu desejei ter secou ali mesmo, afinal, eu chorava compulsivamente me culpando porque minha filha estava ali, sozinha, desprotegida e indefesa! Só de lembrar meus olhos já se encheram de lágrimas e a vontade de agarrar minha gatinha consegue aumentar em milhares de vezes.

Eu chorei tanto, sofri tanto que acho que me deram alguma coisa pois dormi, capotei e só acordei no dia seguinte, com mais enfermeiras e mais cuidados. Para completar esses dias que misturavam alegria e tristeza, teve o assustador teste do pezinho, leia mais *AQUI*, e toda aquela ansiedade e nervosismo de saber que daqui algumas horas não haveria mais maternidade, campainha, enfermeiras e cuidados, seria apenas eu e Sophia.
O pediatra nos visitou, nos tranquilizou, nos aconselhou e nos liberou para começar a vida em família: papai, mamãe e frutinho!
Hoje, relembrando tudo isso, pensando e passando o filme da vida em família vejo como éramos tão imaturos, tão inexperientes, tão infantis … como Sophia nos ensinou, nos fez crescer, aprender e nos desenvolver! É, acho que terei que concordar com Marcelo D2 quando ele diz “… eu me desenvolvo e evoluo com meu filho, eu me desenvolvo e evoluo com meu pai …”, realmente existem lições que somente um filho pode ensinar para os pais e, quanto menores, maiores as lições!
Beijos, Má