Quando eu era menina, bem mais nova,
sempre pensava no que poderia pedir se um gênio da lâmpada maravilhosa
aparecesse para mim. Se parasse para contar o tempo que eu “perdia” nisso, acho
que chegaria próximo de um dia, afinal, eu sonhava muito com essa possível
impossibilidade.
Mas quando a gente começa a desejar
ficar grávida, no fundo, bem lá no fundo, acabamos fazendo uma espécie de lista
para Deus com os nossos desejos, desde quando estarmos grávida até o
comprimento dos cílios; tudo aquilo que podemos pedir e desejar, estamos
pedindo!
Eu confesso que não pude desejar e
escolher sobre querer estar e quando estar grávida, nem muito sobre o sexo …
mas posso afirmar que depois que soube que Sophia estava dentro da minha pança,
muitos foram os pedidos que fiz para Deus. Que bom saber que para Ele não havia
apenas três, tinha a possibilidade de fazer pedidos infinitos!
Primeiramente foi que Sophia tivesse
saúde, como eu tinha medo de que Sophia tivesse sequela do tempo de remédios
para emagrecer ou ainda da minha aula de muay
thai
que fiz pouco antes do terceiro mês. Consequentemente, pedia sua
perfeição em todos os detalhes: dedos, membros, órgãos, …. tudo o que
formasse seu corpo, que viesse perfeito.
Após o primeiro encontro, aqueeeeele
via ultrassonografia, e a constatação de que minha princesa era perfeita, era
hora de respirar aliviada e começar a lista de “supérfluos”, ou seja, o
exterior.
Cabelo liso, olho claro, mãos e pés
delicados, lábios desenhados … nem tanto, mas o cabelo liso e olhos azuis,
isso eu pedi mesmo! A gente sonha em ter uma princesa toda perfeitinha,
daquelas que é o tipo perfeito para ser capa de revista e atriz de Hollywood!
Mas logo que eu comecei a fazer minha
lista de desejos, lembrei-me de um fato ocorrido lá no consultório (para quem
não sabe, sou sócia da minha mãe no consultório odontológico e sou tudo menos
dentista por lá) onde um casal de pacientes, ela morena com cabelo crespo e ele
branco de olhos azuis, engravidou e nasceu um menino, bem moreno de cabelos ondulados
e olhos castanhos. Num ímpeto, minha mãe fez o seguinte comentário “Puxa, por
que não veio com os olhos azuis do pai, imagine que criança mais maravilhosa
bem moreno de olhos claros”; a paciente, rapidamente respondeu “Eu também pedia
muito a Deus no início que viessem com os olhos do pai, mas depois comecei
apenas a pedir que viessem com olhos perfeitos, que enxergassem o caminho de
Deus e que se fosse trazer o pecado sobre a vida do meu filho, que ele nem os
tivesse”. No principio, ouvir palavras assim parecem tão duras e cruéis, mas
foi quando eu estava grávida que elas fizeram sentido para mim. Do que adianta
desejarmos um exterior lindo, para os outros, por dentro, ser feio?
Infelizmente, acho que todo mundo
conheceu – ou conhece – aquela pessoa que é linda, tem um corpo maravilhoso,
mas sempre faz maldades e, muitas vezes, se utiliza dessa beleza exterior para
conseguir as coisas. Quando nos tornamos mãe, é a última coisa que desejamos.
Eu, pelo menos, jamais quero ser chamada na escola ou em qualquer lugar porque
minha filha é “O Pestinha” de saias.
Estou, particularmente, enxergando a
maternidade com olhos diferentes de uns dias para cá, minha Sophia já está com
quatro anos e como ela cresce e muda a cada dia. Ela não é mais bebê e
não tem mais atitudes de bebê … Sophia já sabe muito bem o que quer e o que
não quer, assim como já está aprendendo o que é certo e errado. E quando vejo
essas atitudes vindo dela, parece que no final das contas, minha lista não
estava tão errada assim, na verdade, vejo que fiz os meus três pedidos
corretos: que minha Sophia tenha sabedoria, assim como seu nome; que minha
Sophia seja amorosa, assim como amamos ela desde sua descoberta; que minha
Sophia seja muito feliz, assim como ela nos deixou quando foi nos dada de
presente.
Beijos e comenta,