Há algumas semanas rolou nas redes
sociais um bafafá sobre uma reportagem enaltecendo o corpo magérrimo da modelo
Izabel Goulart sendo perfeito. É verdade que ela estava super mega blaster
magra na foto e os comentários vinham de homens e mulheres indignados com
aquele padrão de perfeição e, dias depois a revista que publicou a matéria fez
até uma nota de esclarecimento sobre todo o alvoroço.

Logo após esse fato um post foi compartilhado centenas de vezes
por mim e amigos do facebook de um blog sobre a imagem que uma mulher tinha não
apenas de si, não somente da mãe mas da vida pois cresceu ouvindo sua mãe falar
do corpo, vale visitar o blog *AQUI* e [re]ler o texto.
Já escrevi muitos posts aqui no blog sobre minha vida e sobre meu corpo, mas senti a
necessidade de compartilhar um pouco sobre a origem de tanta culpa, tanta dor,
tanta baixa autoestima.

Fui um bebê gordo, daqueles que era
visto como saudável, mas nos primeiros anos cresci e emagreci, era uma criança
magra e saudável. Até os meus oito anos eu fui magra, perna fina … meu
apelido era grilo pois tinha as pernas longas, finas e vivia pulando! Quando eu
tinha nove ou dez anos comecei a ganhar uma pancinha,
mas nada fora do normal, longe de um sobrepeso ou mesmo obesidade.
Nunca tinha me preocupado com corpo,
nunca tinha ouvido falar de gorda ou magra até a tarde em que pedi para minha
vó materna fazer um bolo de chocolate para mim e, quando fui embora ela mesma
sugeriu que eu levasse o bolo para comer em casa e, quando disse que não que
iria voltar todos os dias durante minhas férias para comer o bolo ouvi que “era
melhor não levar pois estava gorda demais e que se levasse, comeria tudo de uma
vez”. Eu tinha onze anos quando descobri que era gorda.
Infelizmente o preconceito existe em
todos os lugares, mas dentro do núcleo familiar ele parece ser maior e pior! A
partir daquele dia, ou melhor, tarde, eu descobri que os olhares, carinhos e
comentários sobre meu corpo, sobre meu ser fofinha
era porque eu era uma criança gorda.
Cresci ouvindo dos meus avós, tios,
primos, pais e irmã que eu sou bonita,
que tenho um rosto lindo mas tenho que emagrecer. Dias atrás minha
mãe olhando fotos de quando eu tinha uns dezessete anos que eu era tão linda, que eu sou linda, tenho só
que emagrecer
.
Sempre lutei contra a balança, de maio
à outubro eu estava acima do peso, novembro e dezembro tomava todos os remédios
possíveis e janeiro à abril magra. Olhando para esse tempo de sacrifício, vejo
que fazia isso pela autoridade da minha mãe e aprovação da família.
Eu ainda não entendo qual o problema de
ser gordo, acima do peso, estar com sobrepeso! A sociedade prefere uma pessoa
anoréxica a uma pessoa com sobre peso. O caráter, a dignidade, a honestidade
são deixadas de lado se a pessoa é magra e rica. Sim sim amiguinhos, um corpo
esbelto e uma conta bancaria gorda são o segredo do sucesso.
Fiquei tentando pensar aonde é que não
estar com o corpo que fulano acha legal é demérito?! Olhem o caso da Fabiana
Karla, a Perséfone da novela Amor à vida
onde ela é apenas a “gordinha”! A função dela não é ser enfermeira, ser
cuidadora, amiga ou sei lá o que, o papel dela é ser a gorda! Antes ainda era
gorda e virgem, agora que casou e transou ficou sendo apenas a gorda e, para
surpresa geral, li na internet que o marido irá pedir para ela emagrecer pois
não aguenta mais os comentários dos colegas de trabalho.
Uma coisa é saúde outra coisa é corpo.
Toda vez que meus pais vinham discutir a relação eu X meu corpo, meu pai falava
que o Jô Soares era gordo porém saudável, mas parece que ser gordo é ser doente
e feio e anoréxico e saúde e beleza.
Minha avó toda vez que me vê precisa
falar “o Marcella, você não pensa em fazer uma caminhada, comer menos e
emagrecer?!”, eu respondo que não, tô feliz assim …
Claro que gostaria de perder alguns
quilos, ficaria muitíssimo feliz se conseguisse perder um pouco da muita
barriga pós gestação, mas dizer que hoje sou escrava da sociedade, jamais! Eu
quero curtir minha filha, meu marido, minha casa …. poxa, acordo cedo, levo gatoca
na escola, trabalho o dia inteiro, muitas vezes chego em casa e Sophia está
dormindo (tirando um cochilo), eu só tenho tempo de lavar louça, limpar
banheiro, passar roupa …. escrever esse post
só depois que a princesa dorme! Não nasci para acordar as 5h e ir para academia
ou correr no parque! Arque com as consequências mocinha!
Meu post
é para que haja uma reflexão não sobre as gordinhas sobre aceitação, mas para
você que insiste em dizer que temos os rosto lindo mas somos gordas; para você
que usa alguém acima do peso como ponto de referencia; para você que acha que
ser gordo é ser compulsivo por comida e basta fechar a boca … o nosso corpo
não ser magro atrapalha alguma coisa na sua vida?! Não?! Então não nos jugue,
culpe, critique ou sei lá o que!
As amigas que não são magras: se ame, se aceite, seja feliz!
Quer emagrecer, quer perder peso, okay,
comece agora mas o que importa é que você seja feliz!
Vamos ser feliz … vamos nos amar e
principalmente, não nos julgar!

Beijos e comenta,