Desde que
Sophia nasceu, eu não assisto mais telejornais. No início era por falta de
tempo, depois era porque tínhamos que assistir algum DVD com a Sophia, hoje é
porque não quero perder meu tempo assistindo tanta coisa ruim. De cada dez
matérias apresentadas no Jornal Nacional, por exemplo, oito ou nove são
notícias ruins. É morte, enchente, seca, corrupção.
Quando eu
vejo minha princesa brincando, tão “independente”, sinto uma alegria, uma
satisfação, um sentimento de vitória. Quando a conheci, ela mal sabia se mexer,
tudo precisou ser ensinado. Claro que existe o extinto, mas é preciso ensinar
como usar o extinto. Lembro-me que quando ela tinha uns três ou quatro meses me
bateu um desespero muito grande porque eu não sabia se estava fazendo as coisas
da maneira correta. Sophia ficava deitada, sem fazer muitas coisas … e eu,
inexperiente, irresponsável e imatura não tinha muita noção de como mudar
aquela aparente sensação de inércia.
Acho que até
Sophia ficar durinha, eu pouco a pegava no colo, pouco brincava com ela, pouco
olhava para ela. Não é fácil admitir tais erros, mas eu fui uma péssima mãe nos
primeiros meses. Eu acredito, bem de verdade, que desenvolvi uma depressão pós
parto, mas a situação em que me encontrava era tão submissa que eu precisei
deixar de lado minhas emoções e sentimentos, literalmente engolir as
frustrações e seguir em frente.
Meu problema
maior não foi o engravidar solteira, de verdade, meus pais reagiram a noticia
infinitas vezes melhores do que eu imaginava, embora nos primeiros 2 meses meu
pai sequer olhou nos meus olhos. O problema maior foi que eu e meu namorado
(hoje marido, graças a Deus) desejamos ficar juntos mais não havia condições
para isso.
Primeiramente
o fator financeiro. Eu trabalhava com a minha mãe e, ao descobrirmos a gestação
decidimos que ao invés do salário (que era um auxílio maquiagem), ela compraria
todo o enxoval. O detalhe é que seriam três enxovais: meu pessoal, do bebê e da
futura casa.
Em seguida e
mais importante foi o fator moradia. Meu marido perdeu o pai ainda criança (aos
3 anos) e este deixou uma série de negócios. O avô paterno do meu marido (tô
conseguindo explicar direitinho) continuou os negócios que tinha com o filho e
foi comprando imóveis para os netos (meu marido e o irmão dele). Quando o avô
faleceu, eles receberam uma grande parte da herança, mas como a avó ainda
estava viva, tudo está num tal usufruto. Então meu marido sempre viveu da renda
de aluguéis, POREM, antes da gravidez, as despesas eram com carro, jantares,
roupas, eletroeletrônicos e a casa em que ele e a mãe moravam. Como a casa era
dele, nada mais “justo” que a gente ir morar nessa casa e….. a sogra vaza!
Por incrível
que pareça essa ideia realmente foi a escolhida e, no primeiro momento tudo
estava perfeito, se não fosse um detalhe: a sogra não se mexeu! Ela
literalmente empacou e não atava nem desatava. O que era para ser uma mudança
em janeiro, morávamos um mês juntos como casal e Sophia chegaria em fevereiro e
tudo estaria em ordem foi um caos porque minha sogra saiu em abril quase maio.
Ou seja, moramos eu e minha filha na casa dos meus pais.
Com certeza
esse foi um dos períodos mais difíceis da minha vida e, detalhe, o meu
namorado/marido dormia algumas noites lá na casa dos meus pais e logo cedinho a
mãe ligava tirando satisfação de aonde ele estava porque ela estava sozinha.
Enfim … foi
o maior erro já cometido ter ido morar naquela casa. Sabe quando você não se
encaixa num lugar e, até abrir a geladeira se torna constrangedor, afinal,
aquela geladeira não era minha, era da sogra.
Eu passei mais
de um ano numa vida que não me pertencia. Nesse tempo, eu perdi grande parte do
desenvolvimento da minha filha. Eu não tinha vontade, sabedoria nem desejo de
querer estar com ela. Eu queria poder parar o mundo e voltar atrás. Eu amava
Sophia mais não sabia o que fazer com esse sentimento, afinal, nem eu sabia o
que fazer com os meus sentimentos. Não sabia se comia ou chorava, dormia ou
tomava banho, assistia televisão ou passeava com o cachorro. Engordei vinte
quilos!
Depois de um
ano nos mudamos para um apartamento. Acreditem se quiser, a sogra voltou para a
casa. Ainda não era como sonhei e as dificuldades já foram mais fortes, mas naquele
momento, mesmo num apartamento alugado eu enxergava como se fosse meu chão, minha
cama, minha geladeira.
Hoje,
compramos nosso primeiro apartamento
e tenho prazer em ficar com minha princesa, assistindo filme, montando castelos
de lego ou desenhando.
Dizer que
estou no meu “conto de fadas”, JAMAIS! Dizer que tudo está resolvido, LONGE
DISSO! Costumo dizer que ainda estou colhendo o que plantei, as dificuldades,
principalmente financeiras são enormes, ainda vivemos num estica aqui, aperta ali, segura de lá mas estamos sempre juntos!

A cada noite
agradeço a Deus pela presente Sophia na minha vida, agradeço por esse amor
incondicional que mudou minha vida e que me ensina a cada dia novas fórmulas e
apresenta alguma soluções. Ser mãe é a maior descoberta do mundo, um Nobel de
Deus para minha vida!

Beijos e
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