Tenho uma irmã mais velha, nossa
diferença de idade é de cinco anos. Lembro muitíssimo bem que quando eu era
criança pedia demais para ela brincar comigo e ela nunca brincava … na
verdade ela só me procurava quando não tinha muita coisa para fazer. Até hoje
escuto que a única vez que ela me deixou brincar eu sentei em cima da cama da
Barbie – que por sinal era nova – e quebrei seu brinquedo favorito do momento,
depois daquilo ela não me deixou chegar perto dos seus brinquedos.
Minha infância foi muito feliz,
satisfazia minha vontade de brincar sozinha, não precisava de amigos, primos,
vizinhos, pais ou mesmo minha irmã. Não me lembro de meus pais lerem histórias
para eu dormir, lembro sim de ganhar uma coleção de contos de fadas com fitas
K7 narradas pela Xuxa e um Meu Primeiro
Gradiente
, assim meus pais poupavam o tempo de ler a história e eu adquiria
independência: colocava a fita no aparelho e enquanto ouvia folheava as páginas
dos livros e aprendia a história. Não tenho certeza mas até poucos anos eu
tinha um desses livros e guardo com muito amor o aparelho musical.
Quando eu tinha sete anos nos mudamos
para uma casa, enfim saímos do apartamento, tive a oportunidade de ter espaço
para brincar, correr, criar. Nesse período meus pais viajavam muito e eu ficava
muito tempo em casa “sozinha”, na verdade com a empregada pois minha irmã
passava o dia na escola ou na casa das amigas … nesse período desenvolvi um
mundo completamente meu. 
Eu nunca fui uma aluna muito estudiosa,
sempre deixei para estudar na véspera da prova e preferia brincar à fazer
lição.
Aos treze anos precisei começar a
trabalhar com a minha mãe em seu consultório odontológico, um misto de economia
e tentar me afastar das “más influencias” dos vizinhos do edifício. No inicio
parecia muito legal, afinal eu estava trabalhando e nenhum dos meus amigos
fazia isso … e por isso logo logo trabalhar se tornou tão chato, pois eu
precisava trabalhar enquanto nenhum dos meus amigos fazia isso.
Consegui deixar o trabalho no ano que
fiz terceiro ano do ensino médio, pois precisava estudar para passar no
vestibular. Minha mãe me obrigou a prestar vestibular para odonto e é claro que
eu não quis passar, uma coisa é trabalhar com a minha mãe, confesso que
trabalho no consultório por ela.
Depois de uns cinco anos trabalhando é
que comecei a receber um “salário”, na verdade era uma ajuda de custos, afinal
eu tinha que sustentar um guarda-roupa, nécessaire e vícios eletroeletrônicos.
Foi nesse período que comecei a namorar o papis e gostava de poder ir no
shopping e comprar um presente para ele, umas futilidades para mim.
Trabalhar criança me obrigou a ser
responsável e madura antes do tempo … eu tinha que cumprir horários, ter
responsabilidade com agendar consultas e atender bem as pessoas e ainda cuidar
de detalhes como compra de matérias e negociar com parceiros. Não foi fácil, na
verdade foi muito difícil assumir uma vida de “gente grande” sendo tão pequena!
Eu só pensava em chegar em casa, poder assistir um pouco de disk mtv e Sabrina aprendiz de feiticeira, isso se meus pais deixassem pois a
única televisão que tínhamos em casa era no quarto deles.
Já contei aqui no blog alguma vez que
quando comecei a namorar o papis era escondido dos meus pais?! Pois é, eles só
descobriram porque uma vez a gente brigou, chegamos a terminar e eu fiquei
muito triste e como estavam havendo problemas na minha casa também eu comentei
com uma amiga que tava pensando em fugir de casa, daí ela ficou com medo de eu
realmente fazer isso e conversou com a coordenadora da escola que chamou a
minha mãe para um reunião e contou que eu estava namorando um colega da sala
… pois é, tive que voltar o namoro afinal minha mãe soube e “deixou” quando a
gente estava terminado, óh vida cruel!
Quando paro para olhar minha vida antes
da Sophia vejo que eu não tinha muito rumo sabe!? Eu pensava apenas que queria
fazer jornalismo para poder viajar mundo a fora conhecendo novas culturas e
vivendo novas experiências … eu, justo eu que vivi uma infância sozinha, sem
explorar a casa dos amigos e vizinhos. No consultório convivi com gente de
diversas culturas e mundos, escutei muitas histórias cabeludas que me fizeram
crescer e descobrir que nem sempre minha família estava – ou era – tão errada
quanto eu pensava.
Hoje quando vejo que estou do outro
lado, o lado das pessoas grandes que precisam criar e educar uma criança,
muitas são as vezes que bate um desespero, um medo de errar. Não sei se você
pensa como eu mas, muitas foram as coisas que ouvi/vi meus pais fazendo e
pensava “nossa, quando eu tiver meu filho JAMAIS irei fazer isso com ele” pois
eu sofri horrores e hoje eu penso “será que eles estavam certos ou faço como eu
gostaria que eles tivessem feito” … OMG, como faz?!
Minha pequena está crescendo, não é mais
um bebê e já começou a perceber que tem voz, tem vez e isso me assusta … será
que estou preparada para educar uma menininha!? Como farei para ela ser a aluna
que eu não fui?! Como fazer ela ter responsabilidade sem exigir demais dela?!
HELP MEEEEEE ….
Nossa, parece que no meu tempo era tudo
mais fácil …

E você, como lida com esses medos de
educar?! Aceito ajuda =D

Beijos e comenta,