Se eu tivesse anotado o nome do profissional que fez a minha primeira ecografia, com certeza eu iria atrás dele e diria “se você não quiser mais ser médico, pode ser vidente” porque a frase “data prevista para o parto, 06 de fevereiro” marcou minha vida.

Como eu não sei a data da concepção da Sophia e minha menstruação veio até o terceiro mês certinha e no quarto mês veio falhada, nos questionários que perguntavam “data da última menstruação” eu respondia uma coisa que não condizia com a data que Sophia nasceria, então o único meio de prever era pela ecografia.

Para quem não entendeu, é o seguinte. Quando a gente faz ecografia para ver o bebê, o médico faz uma medição que vai da cabeça até o bumbum do feto, e de acordo com esse comprimento é feito um calculo baseado numa tabela que dá a idade gestacional. Então estima-se que o bebê tenha tantos meses ou semana, daí dá-se uma data aproximada. Com o passar da gravidez, e essas medições sendo constantes, se constata a data gestacional. Em todas as outras ecografias, a data para o nascimento da Sophia eram 08 ou 10 de fevereiro, somente a primeira, aqueeeela que eu fiz para ver se eu estava grávida deu como 06/02.

Na primeira consulta do último mês, meu médico resolveu deixar marcado a cesariana para o dia 08/02 às 07 horas. Confesso que fiquei com um pouco de medo de marcar, vai que Sophia fosse um bebê gigante e ela não estivesse tão pronta assim, e não gostei da idéia de agendar o dia do nascimento da minha filha, tipo “Ah, vamos no cinema amanhã? Amanhã não vai dar, minha filha vai nascer”, sério, não curti.

Quando fui à consulta do dia 02/02 para ver se estava tudo certinho, meu obstetra falou:

Médico: Vamos antecipar para sábado o parto?

Eu: Por quê?

M: Assim a gente conhece Sophia mais rápido.

E: Para quando então doutor?

M: Sábado, dia 07, às 07 horas da manhã, bem cedinho.

E: Mas sete horas é muito cedo. Se bem que eu nem vou conseguir dormir. Então tá.

M: Então volte aqui no consultório na sexta-feira, 06/02, ás 16 horas pra gente ver tudo certinho.
Eu fui embora, bem pensativa, afinal era segunda-feira e no sábado eu iria conhecer minha princesa. Cheguei em casa e comecei a arrumar a mala, comprar todos os itens que a maternidade pedia como higiene para a mãe. Deixei tudo pronto.

Terça-feira, eu tinha ido pro consultório com a minha mãe trabalhar (sim, eu não saí do trabalho até Sophia nascer, trabalhei até o último dia), o porteiro do prédio liga para o consultório “olha, tem um barulho de água vindo do apartamento de vocês, (somos moradores do primeiro andar) e está pingando água pela garagem, acho que algum cano estourou”.

Eu corri para casa. E para minha surpresa um cano do banheiro estourou e ALAGOU todos os quartos do apartamento. Pensa enchente. Alagou tudo. E com isso lá se foi à mala da maternidade. Corre com a mala para a lavanderia e pede urgência. Chama empresa de secagem. Chama encanador. Deus amado, que sufoco! Agora era pedir pra Deus ficar muito calor para secar o carpet.
Passado o susto da enchente, e Deus nos deu muito calor naquela semana, eu comecei a virar um pão de tão inchada. Na noite de quinta-feira eu fui à casa do meu namorado (a gente morava ainda cada um com seus pais) e chorei, chorei, chorei! Estava cansada da barriga, cansada do peso, cansada de não dormir direito. AAAAAAAAAAA

Vim pra casa, tomei banho e dormi. Quando eram cinco horas senti uma pontadinha bem estranha na barriga, tipo pontada de cólica menstrual. Tá, passou! Deu mais um tempo e a pontada voltou. Ia e vinha. Isso bem leve e com intervalos de tempo bem longos.

Quando eram umas sete horas começou a ficar mais forte e com um ritmo mais freqüente, ora a cada quinze minutos, ora a cada oito. Eu me levantei e fui acordar minha mãe. Ela levantou e disse “vai tomar banho, lava o cabelo que a gente vai fazer uma escova e depois liga pro Ramon (sim, esse é o nome do meu namorado)”.

Eu obedeci, afinal, é melhor obedecer do que sacrificar. Fiz tudo certinho, até que as pontadas começaram a ficar fixas de dez em dez minutos. Liguei para meu obstetra e ele disse “vai até o hospital que eles já vão estar te esperando, mas de tarde temos consulta e vemos o que é”. Eram umas dez horas quando fui até o hospital fazer um exame chamado cardiotocografia, ou cardiotoco. É um exame que mede a freqüência cardíaca do bebê em relação às contrações uterinas. A cada contração do bebê, a gente aperta um botãzinho. O som é bem chato, fica fazendo “tuc, tuc, tuc, … piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, tuc tuc”. Por esse exame Sophia não estava ainda pronta pra nascer e eu estava com 2 cm de dilatação.

Saí do hospital e fui comprar os chocolates das lembrancinhas de maternidade. Aproveitamos para comprar mais umas roupinhas quando veio A contração. Ela estava de cinco em cinco minutos quando passou de minuto em minuto. Pedi para minha mãe ligar para o Dr. Edison. Ele disse “corre pro hospital”.  Chegamos lá, em dez minutos ele chegou e eu ainda estava com 2 cm de dilatação. Quando ele colocou a mão na minha barriga e sentiu a contração, o Dr. Edison me olhou como um pai olha uma filha e disse “vamos conhecer a Sophia agora?”. Sim queridas, eu iria conhecer minha princesa naquele momento.

Era sexta-feira, 06 de fevereiro de 2009, às 13 horas e 45 minutos quando ouvi o tão esperado choro da Sophia. Era um “unhé, unhé” tão lindo. Sophia não nasceu tão linda assim, mas era a minha Sophia, toda trabalhada em encanto, com seus 50 cm e 3,495 kg de muita gostosura. Ela era tão quietinha, pouco chorou. Mas fez muita gente grande encher os olhos de lágrimas com sua doçura e presença.

Seja bem vinda Sophia. Bem vinda ao mundo que tanto te ama minha filha!