Há alguns anos minha mãe queria fazer uma reforma no consultório e pediu minha opinião: ela queria colocar um espelho enoooorme na parede para dar profundidade e parecer maior o consultório. Eu fui super contra, afinal eu ia ficar me olhando no espelho o dia inteiro, e sugeri uma televisão. Ela topou e eu fico assistindo TV durante os procedimentos (não espalhem para os pacientes, mas me perco assistindo “vale a pena ver denovo”, adoooro “O Clone”!!).
Hoje (04/05/11) no programa da Ana Maria Braga, o Mais Você, foi abordado um assunto muito tabu tanto nas rodas maternas reais, tanto na blogosfera materna, parto humanizado. A reportagem teve como uma das fontes, um espaço daqui de Curitiba, especializado nesse tipo de “maternidade”. Sabe quando alguém fala de algo sobre maternidade, seja ela no período gestacional, na hora do nascimento ou como você educa e cria seu filho, e você sente uma alfinetada e se pergunta “será que EU estou errada e ELA certa?!?!”. Então, a Ana Maria Braga me alfinetou!
Já escrevi em alguns posts sobre todo o meu processo de descoberta, como passei minha gestação e como foram os primeiros dias, meses e anos da minha vida como mãe. Mas eu nunca tinha parado para analisar que o mundo mudou. Quer dizer, ele está naquela mesma situação em que eu me coloquei na noite em que pedi pra Deus mudar minha vida. O mundo quer mudar 180°, mas mudou 360°; e 360° para trás! A gente quer um mundo cheio de tecnologia, onde estamos conectadas, conversando com pessoas, sejam elas mães, pais e sabendo da vida e do desenvolvimento dos seus filhos pela internet, e queremos voltar no tempo das nossas avós, bisavós que tinham parto em casa, natural, sem nenhum tipo de sedação, amamentar logo no primeiro minuto e usar fralda de pano (a filha da Ana Maria Braga nem fralda usa na filha). Gente … o mundo mudou!
Não sou contra ter parto em casa, com parteira ou doula, mas hoje o mundo é outro. As ferramentas que temos hoje são beeem diferentes das de 50 anos atrás. Hoje existem bactérias e vírus que antes não existia. Hoje existe infecção. Meu obstetra e meu pediatra conversaram comigo que na hora do parto, eu olharia Sophia assim que nascesse, daí seria feito o teste do Apgar no primeiro minuto, daí ela viria ao meu colo para aquele momento “oh meu Deus é uma linda menina” e daí o pediatra sairia com ela para fazer novamente o teste do Apgar do quinto minuto e mais alguns testes, para depois entregá-la em meu braços para a primeira mamada.
Vai que acontece alguma coisa!? Meu Deus, que desespero! Só de pensar eu fico em pânico! Sem contar que é preciso ter tempo e dinheiro para toda essa infraestrutura! Para fazer o curso (a futura mamãe e papai), acredito que seja pago, daí você precisa “contratar” uma enfermeira, uma doula, um médico, um pediatra, uma equipe multidisciplinar para que tudo corra na mais perfeita paz do Senhor, mas se acontecer alguma coisa, se não for como planejado, se, se, se…..
Gostaria que se alguma mãe que me visita tenha feito parto humanizado, por favor, me corrija se estiver errada. Quando Sophia nasceu, no mesmo dia o ator Marcio Garcia estava no Mais Você contando como foi o nascimento da filha dele, que foi de parto humanizado. Ele disse que foi lindo, todos ali olhando, juntos, mas que se acontecesse qualquer coisa havia uma equipe médica a espera deles, com helicóptero a disposição. HELLO!! Como assim?!?!
Desculpem meu desabafo, mas precisava! Acho muito legal toda essa vontade (embora muitas vezes utópica) de voltarmos as origens. Comermos só alimentos orgânicos plantados no jardim das nossas casas (soube hoje que a Gisele Bündchen tem um galinheiro em casa porque não come nada industrializado, não permitindo assim que seu filho coma). Seria isso uma maternidade real!?!? Infelizmente não tenho um marido rico que sustente uma casa, com empregada, cozinheira, criador de animais, pessoas responsáveis pelo cuidado da horta …. ele estuda para ser um engenheiro, eu trabalho para poder pagar a escola da Sophia e ajudar nas contas da casa. Não tenho computador, internet nem televião a cabo! Isso é maternidade real?! Não sei, mas é a minha maternidade.
Nessa blogosfera tão grande, tão cheia de mães e filhos, o que mais vejo é dificuldade. Já vi testemunho de mães que foram ao pó e Deus reergueu com sua misericórdia dando uma nova vida; já vi mães que tiveram diagnósticos muito tristes do estado de saúde dos seus filhos; vejo diáriamente mães reais trazendo seus frutinhos a uma médica que cuida da psicomotricidade.
Não quero ser chata, nem criar polêmica, mas vale a pena dar essa volta de 360° se o mundo precisa de gente nova, com pensamento novo!? Eu não marquei meu parto, mas Sophia nasceu de cesária que não me deixa nenhum pouco menos mãe. Gostaria de ter feito massagens, exercícios e até mesmo um curso de gestante, mas o diploma dado aquelas que o fizeram não mostra que elas realmente são mais mães e eu não.
Deus me deu o dom da vida! Deus me deu o dom de gerar a vida! Isso me faz ser mãe. Isso é ser mãe. É ter olheira porque seu filho está gripado e você não dormiu a noite; é você tomar banho correndo porque tem alguém que quer seu colo; é você trabalhar para dar o melhor que VOCÊ pode dar para seu frutinho; é contar os dias para receber um abraço maravilhoso nesse domingo e ouvir “feliz dia das mães, mamãe!”.
Sim, eu sou feliz. Feliz por ser mãe! Feliz por ser mãe da MINHA Sophia.