Sim, esse é o nome de um filme bem
bonitinho (eu adoro filmes bonitinhos que são cara de sessão da tarde), com a
falecida Brittany Murphy e Dakota Fanning. Para quem gosta desse gênero de
filme, e ainda não assistiu, vale à pena.
Mas não vim aqui para falar do filme.
Vim falar de mim! Hoje serei um pouco egoísta e falarei um pouco mais sobre a
minha pessoa. Quando penso na minha infância, penso numa infância muito
gostosa. Sempre brinquei muito, as vezes queria mais do que podia. Adorava
brincar com Barbie, brincar de “com a gente mesma” (popularmente chamada de
casinha), brincava que eu tinha uma loja de roupas e as vendia (abria o guarda
roupa e ficava horas tirando e dobrando as roupas), brincava de supermercado
(pega tudo o que podia na cozinha e fingia que era a caixa e colocava tudo em
sacolas), brincava de escolinha … eram tantas as idéias, mas todas eu
brincava sozinha. Não … não culpem meus pais ou minha irmã por não brincarem
comigo, eu queria aquilo. Ali era o meu mundo, a brincadeira era como eu queria.
Minha infância durou muito tempo. Acho
que brincava ainda de “com a gente mesma” até uns doze anos. Nunca vi problema
nisso. Sempre achei feio as meninas da minha idade que já pensavam em meninos,
queriam beijar, ficar, o único menino que eu pensava era o Kevin dos Backstreet
Boys, como eu chorei quando ele se casou! Eu tinha certeza que eu iria casar
com ele!
Minha vida nunca foi das mais fáceis.
Desde os treze anos trabalho com a minha mãe em seu consultório, e por isso
aprendi mais cedo o significado da palavra “responsabilidade”. Na escola, nunca
fui aluna nota 10, pelo contrário, me sentia muito bem quando conseguia tirar
notas acima da média. Nunca gostei de estudar, adorava ir para a escola,
encontrar as amigas, conversar. Na escola eu não tinha responsabilidade.
Foi na escola que conheci o Ramon. A
gente estudava junto desde a quarta série do ensino fundamental. Ele gostava de
mim e eu via nele um amigo. Foi na oitava série que a gente se olhou. Ele era o
mais alto da turma, o mais quieto e eu a mais falante, a que gostava de
aparecer, a chamada “patricinha”. Eu podia ser a “popular”, mas não era como a
Cher das “Patricinhas de Beverly Hills”. A única coisa que nos fazia ser
parecidas era o gosto pela cor de rosa!
Durante esse tempo de escola, meu pai
tinha uma empresa de importação e exportação de carnes nobres argentinas. A
gente tinha uma situação financeira muito boa. Um dia, o mundo começou a falar
numa tal de “vaca louca” e meu pai faliu! Perdemos tudo, ou melhor, o pouco que
tínhamos! Como pagar as contas, como sobreviver. Eis que minha mãe teve a idéia
de fazer bombons de morango para que eu e minha irmã vendêssemos na escola. Foi
desse dinheiro que pagamos contas e muitas vezes nos vestimos. Até que um dia,
por um boato de uma menina que fazia concorrência com a minha irmã, as vendas
diminuíram e paramos de fazer os bombons. Mais uma vez, a dificuldade chegou.
Daí minha mãe decidiu voltar a trabalhar, mesmo que de empregada numa clínica
odontológica. Mas ela não suportou as “regras” estabelecidas pela proprietária
e junto com meu tio, montou o consultório que temos hoje, e daí vim trabalhar
para ajudar e aprender a ter alguma responsabilidade na vida. Embora eu tenha
vivido maus momentos, era muito criança, e alguns valores ainda estava destorcidos
na minha cabeça (me preocupava com as canetas coloridas que eu queria ter no
penal no inicio do ano, com o tênis de molinha que estava na moda, com os
celulares que minhas amigas já tinham, sem entender que meus pais se viravam
como podiam para colocar comida na mesa).
Quando comecei a trabalhar com a minha
mãe, achei tudo tão chato. As pessoas eram chatas e eu não podia ir na casa das
minha amigas depois da aula. Como eu chorei. Como eu briguei. Mas foi aqui que
aprendi muito sobre a vida. Já ouvi muita história que psicólogo ficaria bobo.
É mulher que é amante de homem casado; é pai que descobre que a filha usa
droga; é paciente que tenta anos engravidar, faz inseminação e um dia, sem
fazer tratamento nenhum descobre que está grávida; é mãe que fala mal do filho.
…. vixi, é cada coisa que aos poucos fui tomando gosto e aprendendo que a
vida não era só canetas coloridas, mas eram pessoas coloridas, pessoas
diferentes com histórias diferentes.
Fui fazer faculdade de jornalismo e não
gostei. Não gostei da forma que era ministrado o curso. Achei que teria mais
movimentação, mas atitude, mas garra. Não. Uma decepção. Daí veio toda aquela
lei que não precisa mais de faculdade de jornalismo para, digamos assim, ser
jornalista e eu tranquei. Tranquei porque não gostei e porque estava grávida da
minha princesa.
No dia em que soube que estava grávida,
conversei com minha mãe e decidi que não ganharia mais salário algum, e que ela
me comprasse tudo o que fosse necessário. Ela topou. Todo o meu enxoval de gestante,
todo o enxoval da Sophia, todo o enxoval para a futura casa foram comprados
pelos meus pais. Até o obstetra foi minha mãe quem pagou. O plano de saúde
pagou a maternidade e o Ramon pagou o pediatra. Fiz tudo particular porque eu
não tinha ginecologista quando engravidei, e o da minha mãe era particular, e
fui nele e me apaixonei. Sou fã do meu ginecologista hoje. Infelizmente com o
pediatra não tive a mesma felicidade, embora ela tenha sido o meu pediatra
quando nasci, acho que esse foi o erro, ele parou no tempo!
Precisei mudar 180°. Os valores que um
dia eu tive, foram repensados e transformados em coisas muito mais produtivas.
Quer uma prova: hoje vendo Natura. Não estou desmerecendo a marca, pelo
contrário, sou fã de quase tudo, mas me coloquei lá em baixo e comecei a vender
produtos para ganhar um dinheirinho extra. Tentei Avon e não me adaptei, tentei
Mary Kay e me lasquei, mas tentei!
Hoje ainda dou valor para eletrônicos,
esse ainda não consegui me desfazer! Estou enlouquecida para ter um MacBook Pro
mas vai demorar, é um sonho! Se pudesse teria o desktop da Apple, um iPad e
tudo o mais que a Apple lançar, mas não posso, sou feliz com um desktop da
Positivo que comprei há quatro anos com meu dinheirinho e que hoje está no
consultório da minha mãe! Tenho um iPhone porque me roubaram o iPod e o Ramon
derrubou meu celular na pia da cozinha logo que fomos morar juntos, daí como
recompensa, ele juntou iPod+celular e dividiu em 10 vezes um iPhone. Meu xodó
eletrônico que já está todo quebrado de tanto a Sophia derrubar, mas não me
importo, graças aos aplicativos (todos free) ela aprendeu a contar até dez em
inglês!
Moro num apartamento alugar que amo de
paixão. Ainda não está decorado, pelo contrário, ta tudo meio que na gambiarra,
mas to a cada dia mais realizada. Hoje estou muito feliz por estar casada com o
homem que amo, tenho uma filha princesa que me ensina todos os dias a ser mais
carinhosa, paciente, dedicada, esforçada e responsável.

Com a maternidade, pude entender que
tenho dois lados: o de pequena mulher, que tem muito a aprender com a vida; o
de grande menina, que ensina a cada dia ser o melhor que devo ser! É brincar de
fazer comida; é ensinar a desenhar; é ser a melhor esposa, filha, mãe, irmã,
amiga e amiga de brinquedos que posso ser.