Quando eu e minha mãe soubemos que eu estava grávida, ela foi minha maior aliada, cúmplice e, em muitos momentos, o meu motivo de choro. Sabia que lá no fundo havia decepcionado ela. Não era isso o que ela queria. Não que não quisesse ser avó, pelo contrário, há tempos pedia por um neto, mas esperava que viesse da minha irmã, que além de mais velha do que eu, na época estava noiva. Mas, eu inverti os papéis, as responsabilidades e engravidei. Na verdade, eu a desobedeci!
Muitas pessoas falaram “Você vai ver, depois que nasce, é uma alegria só!”. Em nenhum momento nos passou outra idéia senão de alegria, mas o que ainda contava é que EU, a caçula, o bebê da casa estava esperando outro bebê! Me lembro muito bem quando fomos fazer uma ecografia muito delicada, afinal, como não tivemos pré-natal, se houvesse alguma deficiência com o feto, teríamos que correr contra o tempo. O médico, muito querido por sinal, falava para nós duas (eu e mamãe) que estava tudo muito bem, e que Sophia realmente nasceria no início de fevereiro. Minha mãe rapidamente falou “Meu Deus, então precisamos correr com os pacientes, terminar os casos de prótese e correr com o enxoval da Sophia, blá blá blá”; o médico continuou a fazer a ecografia e falou “Antes dos pacientes e da Sophia, o maior cuidado é com a mãe da Sophia, sem ela, não terá secretária sem Sophia”.
Sophia “nasceu” na casa dos meus pais, ela é meio filha meio neta. Ela é inteira amor. E tenho certeza se existe algo que faz o sangue da minha mãe pulsar, seu coração acelerar, seu olho brilhar, seu sorriso aparecer, é Sophia. Do erro, um acerto. Sophia é a sabedoria que faltava nas nossas vidas.
Por tudo o que você já fez, por tudo aquilo que você faz, por tudo o que sei que fará … parabéns mãe, por hoje ser a vovozinha mais linda e perfeita que Deus podia dar a minha Sophia! E titia Tatá, o Moisés virá em breve e você com certeza saberá o que é viver esse momento!
A todas as vovós, meus parabéns! Que Deus possa abençoar com muita sabedoria cada dia. Não se culpem pelos “erros” como mães, se dêem ao direito de fazer tudo com seus netos (eu falo, mas fico brava com umas coisas que minha mãe faz com a Sophia), porque, sem vocês, nós e eles não seriam nada.
Há tempos tenho esse texto salvo no computador. Desde muito antes do blog, havia até esquecido. Chegou a hora de usá-lo! Espero que gostem! Bom dia para todas as vovós!
“Netos são como heranças: você os ganha sem merecer. Sem ter feito nada para isso, de repente lhe caem do céu. É, como dizem os ingleses, um ato de Deus. Sem se passarem as penas do amor, sem os compromissos do matrimônio, sem as dores da maternidade. E não se trata de um filho apenas suposto, como o filho adotado: o neto é realmente o sangue do seu sangue, filho de filho, mais filho que o filho mesmo… Quarenta anos, quarenta e cinco… Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo passou mais depressa do que esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A velhice tem as suas alegrias, as suas compensações — todos dizem isto embora você pessoalmente, ainda não as tenha descoberto — mas acredita. Todavia, também obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela nostalgia da mocidade. Não de amores nem de paixões: a doçura da meia-idade não lhe exige essas efervescências. A saudade é de alguma coisa que você tinha e lhe fugiu sutilmente junto com a mocidade. Bracinhos de criança no seu pescoço. Choro de criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meus Deus, para onde foram as suas crianças? Naqueles adultos cheios de problemas que hoje são seus filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento a prestações, você não encontra de modo nenhum as suas crianças perdidas. São homens e mulheres – não são mais aqueles que você recorda. E então um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação ou do parto, o doutor lhe põe nos braços um menino. Completamente grátis — aquela criancinha da sua raça, da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida. Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um menino que lhe é “devolvido”. E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito de o amar com extravagância; ao contrário causaria escândalo e decepção se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor recalcado que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração.
Sim, tenho certeza que a vida nos dá os netos para nos compensar de todas as mutilações trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes que vêm ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis. Aliás, desconfio muito de que os netos são melhores que namorados, pois que as violências da mocidade produzem mais lágrimas do que enlevos. No entanto — no entanto! — nem tudo são flores no caminho da avó. Há, acima de tudo, o entrave maior, a grande rival: a mãe. Não importa que ela , em si, seja sua filha. Não deixa por isso de ser mãe do garoto. Não importa que ela, hipocritamente ensine o menino a lhe dar beijos e a lhe chamar de “vovozinha”, e lhe conte que de noite, às vezes, ele de repente acorda e pergunta por você. São lisonjas, nada mais. No fundo ela é rival mesmo. Rigorosamente, nas suas posições respectivas, a mãe e a avó representam, em relação ao neto, papéis muito semelhantes ao da esposa e da amante dos triângulos conjugais. A mãe tem todas as vantagens da domesticidade e da presença constante. Dorme com ele, dá-lhe de comer, dá-lhe banho, veste-o. Embala-o de noite. Contra si tem a fadiga da rotina, a obrigação de educar e o ônus de castigar. Já a avô, não tem direitos legais, mas oferece a sedução do romance e do imprevisto. Mora em outra casa. Traz presentes. Faz coisas não programadas. Leva a passear, “não ralha nunca”. Deixa lambuzar de pirulitos. Não tem a menor pretensão pedagógica. É a confidente das horas de ressentimento, o último recurso nos momentos de opressão, a secreta aliada nas crises de rebeldia. Uma noite passada em sua casa é uma deliciosa fuga à rotina, tem todos os encantos de uma aventura. Lá não há linha divisória entre o proibido e o permitido. Dormir sem lavar as mãos, recusar a sopa e comer croquetes, tomar café — café! — mexer no armário da louça, fazer trem com as cadeiras da sala, destruir revistas, derramar a água do gato, acender e apagar a luz elétrica mil vezes se quiser e até fingir que está discando o telefone. Riscar a parece com o lápis dizendo que foi sem querer — e ser acreditado! Fazer má-criação aos gritos e, em vez de apanhar, ir para os braços da avó e de lá escutar os debates sobre os perigos e os erros da educação moderna. Sabe-se que, no reino dos céus, o cristão defunto desfruta os mais requintados prazeres da alma. Porém esses prazeres não estarão muito acima da alegria de sair de mãos dadas com o seu neto, numa manhã de sol. E olhe que aqui embaixo você ainda tem o direito de sentir orgulho, que aos bem-aventurados será defeso. Meu Deus, o olhar das outras avós, com os seus filhotes magricelas ou obesos, a morrerem de inveja do seu maravilhoso neto. E quando você vai embalar o menino e ele, tonto de sono, abre um olho, lhe reconhece, sorri e diz: “Vó!”, seu coração estala de felicidade, como pão ao forno. E o misterioso entendimento que há entre avó e neto, na hora em que a mãe o castiga, e ele olha para você, sabendo que se você não ousa intervir abertamente, pelo menos lhe dá sua incondicional cumplicidade… Até as coisas negativas se viram em alegrias quando se intrometem entre avó e neto: o bibelô de estimação que se quebrou porque o menininho — involuntariamente! — bateu com a bola nele. Está quebrado e remendado, mas enriquecido com preciosas recordações: os cacos na mãozinha, os olhos arregalados, o beiço pronto para o choro; e depois, o sorriso malandro e aliviado porque “ninguém” se zangou, o culpado foi a bola mesma, não foi, Vó? Era um simples boneco que custou caro. Hoje é relíquia: não tem dinheiro que pague.”
A Arte de Ser Avó – Raquel de Queiroz
Parabéns para a vovozinha mais linda do mundo!!! |
6 comments
Moisés vai ser amigo da Franguinha!!!! Vão jogar a bola do Timão juntos!!! hahahahah
Lindo isso Má!!!
Sei mais ou menos o que você passou! Meu irmão chegou em casa e nos disse "minha namorada está grávida"..e a princípio foi um susto para todos! Mas hoje com certeza ele é a maior alegria não só na vida do meu irmão e dos meus pais, como na minha também!!! É um anjinho que faz toda diferença em nossas vidas!! Aqui de longe, sinto saudades de todos, mas em especial do meu afilhado.. afinal eu perco as brincadeiras, as palavras novas, tudo!!
Parabéns pelo Blog…
E feliz dia dos avós p sua mamis 😀
Beijos
Marcella
Que história bonita… as avós são memso tudo na vida das crianças né? Mesmo quando estragam elas..rsrsrs. Amei o texto que vc colocou ai, da Rachel de Queiroz, vou colocar no meu também tá? Beijos mil
dizer que tanto suas palavras, como o texto de Raquel de Queirós,são perfeitas seria uma redundância…de tudo o que foi falado o melhor com certeza será o momento em que Sophia chegará em minha casa, e com certeza trarà uma lembrança feita por ela na escolinha, e com aquele sorriso que só Sofi têm,dirá mais que ensaiado…FELIZ DIA DA VOVÓ!!!!!
eu sou uma abençoada de Deus…Amém pela vida de Mamá e de Sophia
Que linda história Má, parabéns, realmente nossas mães são tudo nas nossas vidas.
Parabéns sua mãe é lindona!!! A Sophia é muito sortuda em ter uma familia que a ama e quer o melhor para ela.
Bjão
Agora que vi o visual novo!!! Ficou linda!!!