“Para tudo tem uma primeira vez”. Mais clichê do que isso, só dizer que nem sempre a primeira vez das coisas é boa. E na maternidade, isso não seria nada diferente.

Quando somos mães de primeira viagem, todas as nossas “primeiras vezes” são muito marcantes; seja pela ansiedade, nervosismo, apreensão, frustração ou até mesmo tristeza. Como não lembrar do primeiro olhar; o primeiro choro; o primeiro colo; a primeira roupa; a primeira troca de fralda; a primeira mamada; o primeiro banho; a primeira noite – seja ela dormida ou mal dormida; o primeiro dia de vida; o primeiro dia em casa; a primeira noite em casa – mais uma vez, seja ela dormida ou mal dormida. Com todas essas maravilhas dos primeiros dias, vem as primeiras vacinas; primeira febre; primeira tosse. Os dias vão se passando, com eles os meses e começam os primeiros sorrisos sem dentes; os primeiros estímulos; o primeiro encontro do pé na boca; o primeiro brinquedo arremessado berço a baixo.

Os meses passam e começam os desenvolvimentos: a primeira frutinha; a primeira sopinha; os primeiros dentinhos e as primeiras mordidas. O começo do engatinhar até os primeiros passinhos, sem contar as primeiras “palavrinhas”: abu, grrrrr, bua, aa, pa, ba, ta.

O primeiro ano passou e com ele muitas primeiras coisas que nunca vamos nos cansar de lembrar, suspirar e contar. Mas existem algumas primeiras coisas que a gente preferia que jamais acontecessem com nossos frutinhos, coisas que se pudéssemos jamais aceitaríamos que houvesse essa primeira vez. E semana passada infelizmente aconteceu isso comigo, aconteceu uma primeira vez que eu pediria a Deus jamais ter uma segunda, embora muitas pessoas [cruéis] digam “Ahhhhh, mais isso é normal … uma hora acontece”.

Foi na quinta-feira da semana passada, minha mãe estava muuito doente, foi diagnosticada com traquibronco pneumonia bacteriana (ufa, nomezinho complicado) e estava muuito fraquinha, e por passar o dia todo sozinha, estava muito carente, e pediu que eu levasse Sophia depois da escola para ela vê-la. Assim o fiz.

PAUSA
Alguns dias antes, eu havia levado Sophia na casa da minha mãe e ela queria brincar de massinha de modelar, então tirei a cadeirinha dela (que é daquelas baixinhas, que você coloca na cadeira comum, com uma bandeja que “prende” a criança na cadeira … vocês sabem de qual eu estou falando!?!?? Espero que sim!!) que fica presa, amarrada, quase colada na cadeira da cozinha e levei para o chão na sala. Fomos embora e eu deixei a cadeira na sala.

PLAY
Chegamos lá, minha mãe abraçou Sophia, que respondeu com abraços e beijos. Como de costume minha mãe levou Sophia para a cozinha para tomarem café e conversarem. Eu e o Ramon ficamos na sala assistindo TV, aproveitando a NET. Quando de repente minha mãe começa a gritar “Caiu, Má, ela caiu, socorro” … em segundos começa o choro mais ardido, mais sofrido, mais horrível que uma mãe pode ouvir, o choro de dor. Corri, e quando cheguei vi uma pequena princesa chorando, soluçando e com sangue na boquinha. Minha mãe em pânico, chorando juro falou “O dentinho dela avulsionou” … foram os segundos mais tensos e horríveis da minha vida. Confesso que eu não sabia se acalmava minha mãe ou a Sophia. Tomei Sophia nos braços, fui até a cozinha, pedi que ela tomasse um golinho de água para tirar o sangue, levei para a sala onde havia claridade e Discovery Kids e abri sua boquinha … os dentinhos estavam ali.

Em resumo, minha mãe colocou Sophia na cadeirinha que NÃO estava presa. Ao se apoiar nessa bandeja, o peso veio todo para a frente e ela caiu; bateu os dentinhos no lábio que na hora cortou. Foi a primeira vez que Sophia sangrou; o primeiro acidente; o primeiro corte. A primeira vez que vi minha filha sentir dor.

Mas preciso abrir meu coração. Naquele mesmo dia, achei o blog da Carolina, mãe da pequena Ana Luiza, uma pequena princesa, que hoje é um anjinho. Já tinha conhecido esse blog, lááá quando criei o meu, mas confesso que nunca mais havia pensado nele, e quando lembrei já era tarde. A pequena Ana Luiza foi diagnosticada com um tipo raro e muito agressivo de câncer e infelizmente faleceu esse ano. Não sei dizer quando foi isso, mas ler o início dessa história me fez pensar tanto, que na hora que vi minha filha ali, eu tirei uma força não sei da onde, agradecendo a Deus porque era um pequeno e simples acidente.

A vida daquela família que passou por tantas coisas me fez enxergar que muitas vezes nossas primeiras vezes na maternidade não são maravilhosas. A Carolina escreveu em muitos momentos que sua Ana Luiza nunca teve gripe, febre, a saúde de ferro. Não quero me conformar, nem comparar quem sofre mais, quero apenas ter força para enfrentar grandes e pequenas dificuldades das primeiras vezes que a vida vai me “dar”.

Mais uma vez coloco em palavras escritas os meus sentimentos em relação ao blog … quero só ajudar. Ajudar alguém que um dia possa não saber o que fazer, não saber da onde  tirar forças, mas lembrar “Ei, mas aquele menina falou disso, fez isso e aconteceu isso … eu vou conseguir!”.  

Dodóizinho do amor …



Tadinha da minha princesinha …
A foto é velhinha, mas foi desta cadeira que ela caiu … 
super indico a cadeira, mas ela precisa estar BEM presa!!!