Não sei vocês, mas eu sou da geração que assistiu “Tv Colosso”. A hora do almoço era marcada quando um dos personagens, vestido de chef de cuisine anunciava aos berros “Atention, tá na horrra de matarr a fomê, tá na mêss pessoaaaaal”. Nossa, eu me sentia a Priscila e saia correndo para a cozinha. Quando pequena, não era de comer muito, o meu problema sempre foi “o que comer”. Sou muito chata com comida.   
Sou da geração que pais e mães trabalhavam fora. Então, minha mãe, como muitas mães dependiam de empregadas, babás e escolas em períodos integrais para “cuidar” dos filhos. E quando a gente estava em casa, minha mãe não tinha paciência, tempo e vontade de fazer tudo aquilo que o pediatra recomenda, mas que a gente tem vontade de dizer “porque não é o senhor que cuida das crianças lá de casa”. A empregada provavelmente não fazia saladas coloridas, pratos apetitosos e minha mãe não tinha tempo para fazer aqueeele prato rico em cores, sabores e nutrientes. Tinha horário para voltar ao trabalho. Comeu comeu, se não comeu, vai passar fome!??! JAMAIS! “Então o que você quer comer?”; “Bolo de chocolate”; “Então come e vamos”. Pronto!
Estou justificando minha chatisse com comida? Não, mas estudos HOJE mostram isso. Então, sou daquelas que fala bem feliz “Não como fruta, verdura, legume. Não tomo suco, só coca-cola; Doce? Só se for de chocolate. Sorvete? Flocos, chocolate e creme; Sanduíche? Já pedi muuuito X-Salada SEM salada!”. Se eu já experimentei alguma dessas coisas que não gosto? Não! E não vou experimentar.
Durante toda minha vida, ouvi todos falarem “Hoje você pode não sentir falta, mas um dia vai fazer. Quero ver quando você engravidar. E mais, como vai ensinar a criança a comer.”. Ai que papo mais chato. UM dia vou precisar; UM dia vou engravidar; UM dia terei que cozinhar, isso se eu não casar com um cara rico, daí a cozinheira vai preparar a comida! Há Há Há!!!
Engravidei e descobri muito depois de qualquer tipo de cuidado. Não tomei vitamina, ácido fólico (só na pipoca do cinema) e nem me preocupei se tinha condições de estar grávida. Sei lá, a gente escuta cada história. Tem gente que planeja querer engravidar, consulta médicos e tomam vitaminas, hormônios, se preparam, até o cabelo tem que estar escuro para quando engravidar. Passam meses, anos se preparando. Vai que eu realmente teria falta de vitaminas, anemia. Sei lá!
Bom, não quero mostrar nada, mas nunca me faltou e Sophia graças a Deus nasceu mais do que perfeita! Órgãos, tecidos, membros, tudo perfeito.
Como escrevi no penúltimo post, não amamentei por muito tempo, mas vejo que faltou ensinamento, quem sabe um pouco mais de vontade e estímulo. Se bem que o pediatra da Sophia era bem mongão e me ensinou tudo errado. Mais isso é outra história. Voltando, Sophia mamou leite (materno e artificial) nos primeiros cinco meses, até que o pediatra (um segundo) falou “É hora de iniciarmos as papinhas doces.” Falou como deveríamos começar com banana-maça, depois mamãe, daí maça e pêra. No meio da manhã e no meio da tarde, ao invés de mamadeira, oferecer a fruta. Ai que lindo, que emoção! Cheguei para os meus pais, foi uma festa! Foi num domingo, fomos para a casa dos meus pais, minha mãe quem ofereceu a primeira frutinha, pose para fotos, Sophia receber muito bem a novidade. Mas segunda-feira, quem iria fazer isso seria eu! OK, meu pai comprou uns dez quilos de banana-maça, uns cinco mamões e levei para casa. Tudo ótimo!
Dia seguinte, segunda-feira, me lembro que Sophia acordava por volta da 07 horas, ofereci mamadeira. Quando chegou lá pelas 10 horas, iria oferecer a banana. Ajeitei Sophia no bebê-conforto, coloquei babado, fui para a cozinha preparar a banana ……….. quem disse que eu conseguia descascar a tal da banana!? Quem disse que eu conseguia sentir o cheiro!? Quem disse que eu conseguia amassar!? Ai que nojo! Que momento tenso!! Gritei pelo Ramon … “Me ajuda, eu não consigo!”. Hoje eu dou risada, mas eu não consegui! Era uma ânsia atrás da outra. Mas Sophia comeu, o Ramon limpou e eu respirei.
Dia seguinte, mamão. Achei que fosse morrer. Taí uma coisa que eu não podia ver. Que dirá abrir, tirar semente, amassar e oferecer. Que coisa horrível. Mais uma vez ânsia atrás de ânsia. Mas sabia que precisaria ser forte. Teria que vencer isso. Não era para eu comer, era para oferecer a minha filha. Não podia cometer o mesmo erro que cometi comigo mesma. Deus, me ajuda!
Sei que foram alguns dias de ânsia, nojo, vontade de desistir, mas consegui! UFA! Que benção. Não foi nada fácil. Para mim, era como uma tortura. Mas fui firme e dei muuita papinha de banana-maça, amassei muuito mamão-papaia.
As sopas salgadas foram um grande passo …… para a mamãe. Aprender fazer sopa, não é fácil. Primeiro precisei aprender a cozinhar a carne, sem deixar queimar e ao mesmo tempo, que ela cozinhe. Depois colocar legumes, quanto tempo, quanto de água, quanto de tempero. Daí ficar hooooras passando aquela “gororobex” na peneira, para seu pequeno frutinho comer 2, eu disse DUAS colheres. Quando iam cinco, noooossa, era festa! Papai Ramon que comia tudo! Até que um dia (isso deve ter dado duas semanas que alimentação salgada), minha mãe disse “Sua sopa não tem os nutrientes necessários, Sophia não engorda, deixa que eu vou fazer as sopas dela!”. Vou discutir!? Obvio que não! Então minha mamãe começou a fazer as sopas da Sophia. A gente colocava em potinhos e congelava. Isso sem contar os caldinhos de feijão! E assim foram por looongos cinco/seis meses. Mesmo Sophia na escola, tinha a janta, então tinha que fazer sopa. Isso quando minha mãe não me obrigava a mandar a sopa que ela fez para a escola, alegando que “A Sophia come melhor a sopa dela!!” HÃ?!?! Mas a gente entende, e aprende a ouvir umas coisas de vó e não discute!
Com a vinda dos dentes, começamos a oferecer arroz e feijão. Ela adoora. Come muito, quando ela quer. Tem dias que não adianta, não come. Se vamos ao restaurante, e ela vê alguma coisa que seja da vontade dela (tipo suspiro), daí sim que ela não quer comida de verdade. Mas não fazemos com ela, o que minha mãe provavelmente fazia comigo. Não quer comer, fica sem comer! Mas a mesma mãe que dava bolo de chocolate, dá um suspirinho da neta.
Sei que sou uma mãe que cuida muito bem da alimentação da filha. Ofereço arroz, feijão, legumes, banana, suco. Mas também não deixo de oferecer aquilo que mais ME agrada. Ontem mesmo, comemos pizza. Ela come só a massinha. Agora, se tem uma coisa que eu ofereci e ela adora, é batata frita! Tem dias que pede para comer batata frita. E dias atrás foi assim. Fomos até o Burger King para minha princesa se esbaldar numa porção bem gostosa de “batata itas”.
Não posso privá-la de, uma vez por mês, comer essas coisas boas, pouco saudáveis e cheias de restrições e comentários nutricionais. Mas digo, iogurte petit suisse não dou, não dei e não darei! 

A primeira frutinha!

A primeira sopinha!

Agora que ficou bom comer fruta!

Sopinha + Bebê comer sozinho = Sujeira na cozinha!!!

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