Hoje, 1° de agosto, é o “Dia da Amamentação”. Para “comemorar” a data, vou contar-lhes a minha experiência com amamentação.

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Primeiramente preciso falar: cresci ouvindo minha mãe falando que ela nunca amamentou, nem eu nem minha irmã. Com ambas, foram 15 dias de muito sofrimento, porque ela NÃO tinha leite, NÃO tinha seio, NÃO tinha bico e a gente choraaaava de fome. Minha irmã tomava leite de vaca com maizena e eu já fui mais chata, até leite de cabra minha mãe ofereceu. Nenhuma mulher da minha família – bisavó, avó e tias – amamentou os filhos. Tinha consciência de que a amamentação jamais faria parte da minha maternidade.
Quando engravidei, conversei com o meu médico sobre esse histórico familiar. Ele me disse que todas as mulheres têm leite, agora se elas querem amamentar é outro assunto. Não é uma coisa fácil amamentar, requer cuidados, as vezes sofremos, sangramos, mas precisamos tentar. E aí está um grande “erro”. Ninguém nos fala disso. Nos falam que é necessário, que é um ‘ato de amor’, mas ninguém nos fala que é difícil. Foi apenas na maternidade que fui aprender amamentar.
Poucos dias antes do nascimento da Sophia, notei que estava saindo um liquido raro, bem claro do meu seio, tive certeza, serei diferente.
Nunca planejei ter parto normal. Nunca sonhei que o único alimento da minha filha nos primeiros seis meses de vida fosse leite materno. Nunca fui do tipo que queria reviver os tempos antigos. Não que seja a favor da super modernidade, mas sabia do que eu teria pela frente.  
Quando Sophia nasceu, enquanto estava na sala de recuperação, as enfermeiras colocaram Sophia em meu colo para a primeira amamentação, aquela da primeira hora de vida. Me lembro muito bem desse momento. De tão trágico, é cômico!
Eu estava sozinha na sala de recuperação, meio dopada da anestesia, meio fora de mim pela reviravolta que acabara de acontecer na minha vida, estava com minha filha no colo, não sabia se chorava, dormia, conversava com aquele bebê, um misto de inúmeras e indescritíveis sensações. A enfermeira colocou Sophia no meu colo, abriu o avental e “encaixou” Sophia no meu seio. Sophia se mexeu, procurou meu peito e parou. Como assim parou? Não sei, ela ficou imóvel! Que desespero. Matei minha filha. “Moça, moça, socorro, eu matei minha filha!! Socorro”. A enfermeira veio correndo “O que foi mãe?”; “Matei minha filha, ela estava aqui mamando e parou!”. Sério, imaginem a cena: eu estava deitada, com o braço esquerdo “imóvel” por causa da medicação, o braço direito envolvendo Sophia, num quarto, sozinha, depois de passar pela primeira intervenção cirúrgica da minha vida. Não sabia o que fazer. A enfermeira chegou muito calmamente, e falou “Calma mãe, ela está dormindo. Os bebês nascem com uma reserva de alimento que pode durar horas. Ela só está dormindo. Vamos para o quarto.”. Meu coração voltou a bater e eu pude olhar pela primeira vez minha filha.
No quarto, as visitas foram constantes e, mais uma vez, a amamentação não foi tããão natural, tãããão fácil. Era um espetáculo. Todos queriam assistir, todos queriam presenciar. Afinal, Sophia procurava um peito que não existia, uma bico inexistente e um leite que não descia. Tadinha.
Foi somente na manhã do dia seguinte que uma enfermeira muito abençoada me “ensinou” a amamentar. “Mãe, segura a criança assim, puxa o bico assim e pronto.” HÂ?!?!? Mais uma vez um desastre. Agora era hora de respirar fundo e amamentar. Sophia brincava de mamar, ficava hooooras fingindo que mamava. Eu achei que era assim que estimulava o leite a descer. Só consegui um machucado. Na noite do segundo dia de vida, a maternidade mesmo deu “leite artificial”. Ela gostou.
Fiquei na casa da minha mãe por 50/60 dias. Em todos, havia sempre alguém comigo, seja o Ramon, meus pais, minha irmã, amigas ou familiares do Ramon. Em todos os momentos de amamentação, era um show. E havia um ritual. Primeiro trocava a fralda de Sophia; Depois eu tirava as conchas de amamentação (as quais eu carinhosamente chamava de Jean Paul Gaultier, afinal eu me sentia a Madonna com aqueles sutiãs cônicos) e alguém prontamente as pegava para lavar; e alguém sempre estava por perto para marcar os exatos quinze minutos de cada peito. Quando faltavam cinco minutos, alguém ia para a cozinha preparar o leite em pó; Retiravam Sophia do meu colo e a amamentavam, enquanto isso, eu me refazia.  
Com todo histórico familiar, já tinha consciência que eu não amamentaria, da mesma maneira que parto normal seria impossível. Muitas pacientes da minha mãe falaram que não se sentiam totalmente mães porque não haviam amamentado ou não tinham conseguido ter seus filhos de parto normal. Desculpem, mas isso não mudou em nada minha realização como mãe. Sou a melhor mãe que posso ser. Faço o meu melhor diariamente.
Amamentei Sophia por dois meses. A cada três horas amamentava por quinze minutos cada peito e depois oferecia leite em pó. Quando Sophia completou dois meses, meu leite secou. Meu bico sangrou, usei aquela concha ‘maravilhosa’, acordava de madrugada para oferecer o meu leite. Não era suficiente. Mas eu tentei. Eu fiz.
Para aquelas que amamentam por dois anos, meus parabéns! Para aquelas que não tiveram leite, tudo bem. Para aquelas que, como eu, tentaram, valeu! No dia a amamentação, vamos refletir as prioridades da maternidade. Tanto se falou, brigou e comentou sobre o “mamaço”, mas será que vale mais dez minutos de peito e uma hora na frente do computador? Será que vale mais um leite na mamadeira com muito carinho do que um peito assistindo televisão?