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“Quando nasce um filho, nasce uma mãe” … que me perdoe as frases clichês, mas preciso muito discordar disso! Não foi no dia seis de fevereiro de 2009, às 13h 45min que eu me tornei mãe, eu comecei a aprender, aceitar, entender, digerir o SER MÃE quando fiz um teste de farmácia no dia 29/10/2008 e duas listras rosas apareceram numa tira de papel mergulhada no meu xixi. E posso garantir que até hoje eu não sei o que é ser mãe, preciso estar aprendendo a cada dia, às vezes em segundos; e mesmo assim existem muitas coisas que preciso, tenho e devo aprender.
Ontem estava conversando com uma mãe dessa blogosfera abençoada de meu Deus, a Cris, e o assunto era o tempo; o tempo que dispensamos para ficar com nossos filhos. Confesso que respondi algo a ela, mas não consegui dormir direito, precisei pensar e repensar, escrever e tentar descrever a MINHA (que fique muito claro que é a minha) opinião sobre o tempo que temos com nossos filhos.
Antes de engravidar e conseqüentemente Sophia nascer, meu único contato com crianças foi meu primo, hoje com 8 (ou seria 9) anos, o João Arthur. Não vai aqui nenhuma crítica, vou relatar os fatos. Minha tia tem um padrão excelente de vida, uma casa confortável, empregada, não precisa trabalhar fora. Ela era (e é) uma excelente mãe, muitas das coisas que aprendi sobre cuidados e educação de uma criança, foi ela quem me ensinou, mas o fato é que meu primo, desde os primeiros meses de vida já assistia televisão. Na época, haviam poucos programas voltados para bebês, então ele assistia muito “TOP TVZ”, aquele programa de clipes do canal Multishow. Depois vieram os DVDS da Xuxa, Teletubies, Mickey. Mas toda a vez que minha tia precisava fazer alguma coisa, lá estava ele na televisão. Ela brincava, dedicava tempo para estimular e auxiliar o desenvolvimento do filho, mas haviam momentos que ela precisava estar “sozinha”, queria tomar um banho mais demorado, dormir mais cedo, ir ao cabeleireiro, estar à par do que acontecia no mundo, afinal, ela optou por ficar 24 horas com seu filho. Ela teve o privilégio de ter uma empregada que cuidava dos afazeres domésticos.
Agora venho até a minha pessoa. Assim que Sophia nasceu fui morar com o papai dela e me deparei com uma situação complemente diferente para mim. Não que eu vivesse num castelo encantado, longe disso, poucas foram as vezes que tivemos empregada em casa, aprendi desde pequena lavar banheiro, passar roupa, limpar vidro e ariar panela, mas me vi tendo de cuidar de um bebê, cuidar de um homem, cuidar de dois cachorros, cuidar de uma casa com louça, roupa, vidros e banheiros. Eu passava dias sem sair de casa porque não tinha fôlego para isso. Eu acordava cedo, por volta das 7h30 e só ia dormir depois da meia-noite. Eu aproveitava o tempo em que Sophia dormia para fazer as coisas mais difíceis, como cozinhar, lavar banheiro e cuidar da área externa da casa e quando ela estava acordada me desdobrava em mil para passar roupa, lavar louça. Não era fácil, eu quase pirei! Sem contar quando eu estava no meio da limpeza do banheiro e ouvia que ela estava chorando porque acordou, me irritava, “Ahhhh me Deus, porque essa criança não dorme mais vinte minutos, agora não posso cuidar dela, estou ‘fedendo’ a água sanitária” … e o que ela havia feito de errado!?!? NADA!! Eu que estava descontrolada.
Não tinha contato mais com pessoas, estava me matando aos poucos, sem contar as dificuldades financeiras que foram aparecendo, foi daí que resolvemos que eu voltaria a trabalhar com minha mãe. Ela poderia me ajudar financeiramente e eu a ajudaria porque já sei toda a dinâmica do consultório. E assim voltei. O “problema” foi me separar da Sophia. O primeiro dia foi péssimo, o segundo horrível e o terceiro catastrófico. A cada paciente que perguntava “Mas aonde está sua filha, ficou com a vovó?”, meus olhos se enchiam de lágrimas, ela estava na escola, sendo cuidada e educada por uma estranha e mais, não está na vovó porque eu estava trabalhando coma vovó. Me sentia mal, tinha raiva da minha mãe, mas ao mesmo tempo a maior culpada era eu mesma! Por que eu fui engravidar? Por que eu transei com meu namorado? Por que eu não começava a tomar pílula no dia correto? Por que….? Foram os piores dias da minha vida … mas com tempo fui descobrindo uma relação que até aquele sétimo mês não havia acontecido: eu podia aproveitar, curtir, brincar, cuidar da minha filha sem nenhum peso na consciência! Claro que precisei esquecer o lado escrava e Amélia que estavam dentro de mim; aquela casa limpa, organizada e perfeita como estava acostumada a viver pela educação da minha mãe, não me pertencia mais. Eu decidi que a partir daquele 1° de setembro de 2009 eu teria o melhor momento que poderia proporcionar a minha filha.
Sophia assistiu ao seu primeiro DVD quando completou um ano e meio, antes disso, ela nunca assistiu Galinha Pintadinha, Backyardigans, Pocoyo, Peixonauta. Não havia necessidade … era um momento da gente se conhecer. Quando chegava o final de semana, eu aproveitava o soninho dela para cuidar da casa.
E sabe que é assim até hoje! Minha mãe foi lá em casa esses dias e eu fiquei com muito medo do que ela fosse pensar e falar sobre o cuidado da minha casa, afinal, deixo bem claro que quando estou em casa com a Sophia, minha prioridade é ela. É claro que hoje ela está mais mocinha e assiste a seus filminhos e eu posso lavar louça, cozinha e passar roupa. Às vezes ela me pede para assistir algum filme junto e converso, explico que estou fazendo algo muito importante para o cuidado da casa que não posso parar, mas assim que terminar, irei correndo ficar com ela. E não há problema nisso.
Não acho saudável se assumir como mãe em tempo integral, mas deixar o filho na televisão para cuidar da casa. Desculpe, mas essa é minha opinião! Não quero levantar a bandeira do “deixe seu filho na escola e vá trabalhar”, não …. Mas acho que precisa haver um equilíbrio. Até porque conheço casos de mães que vivem para os filhos e lááá na frente soltam aquela outra velha frase clichê “A gente dá a vida pelos filhos, e agora, é isso que recebo em troca”.