Tenho pensado e repensado muito sobre a minha maternidade. Com o blog, eu me cobro bastante sobre como estou “educando” minha filha, afinal, se estou aqui falando da minha história, preciso pensar em como passarei isso. Não posso mentir e em muitos momentos até omitir algumas coisas, torna meu blog uma espécie de fraude, afinal, como posso, por exemplo, disciplinar minha filha com tapas na boca (isso é apenas um exemplo, que fique muito claro) e vir aqui e parabenizar um texto num blog amigo abortando a temática que “Palmada não Educa!”.
Nesse eterno pensar e repensar, me vi numa dúvida “Drummondiana” … E AGORA, MARCELLA?
Confesso que durante a gestação, li apenas um livro sobre maternidade “Bebê, Manual do Proprietário”. Foi tudo tão novo, tão corrido que em nenhum momento passou na minha cabeça “Ei, você não está nada preparada para ser mãe … dá para estudar um pouco sobre o assunto?!?!”. Não, eu simplesmente esperei o tempo passar e esperar para ver o que acontecia.
Eu sabia, por instinto que os bebês tinham que “passar” por determinadas etapas de desenvolvimento. Ficar com o pescoço firme, rolar, sentar, engatinhar, comer, andar, dente, falar … tudo precisou de tempo, estímulo e incentivo. Graças a Deus, até agora estamos atendendo a todas as essas etapas do desenvolvimento maravilhosamente bem. A última etapa que vivenciamos foi o desfralde.
Escrevi há um tempinho atrás sobre o desfralde, e sobre o tempo que (acredito eu) cada criança tenha para realizar essa nova fase. Sophia em comparação a outras crianças, sempre foi um pouco mais lenta. Mãe quando encontra outra mãe, pode ter certeza, o assunto são filhos. E quando eu encontrava uma mãe (se a idade do frutinho era menor que dá Sophia, a raiva era ainda maior), o papo era sempre o mesmo. [M=mãe; E=eu]
M= Ah, você tem uma filha!? Qual a idade dela?
E= 1 ano.
M= A minha está com 10 meses! A sua já anda?
E= Ainda não!
M= Ahh, a minha já anda desde os nove meses, nem engatinhou!
Detalhe … Sophia começou a engatinhar com 11 meses!
M= Ah, você tem uma filha!? Qual a idade dela?
E= 1 ano e meio.
M= Falando de tudo então?
E= Fala ‘mamã’, ‘papa’, ‘tata’, ‘lala” …
M= Nossa, a minha fala de tudo, até canta junto com a Galinha Pintadinha.
Detalhe … Sophia começou a falar (entende-se falar como formar frases, com palavras que todo mundo entende) com 2 anos e 4 meses.
Pois bem, relatos do desenvolvimento à parte, aqui em casa sempre foi tudo muito depois do que as pessoas comentavam. E quando chegava, era tanta felicidade, que nem reparava que, depois de concluída essa etapa, era hora de “arcar” com as conseqüências desse desenvolvimento. E daí vem minha pergunta “E agora, Marcella? O que vamos fazer?!” …
Quando Sophia começou a engatinhar, por instinto recolhemos tudo que tinha ao alcance das mãozinhas para não haver acidentes; Quando Sophia começou a se alimentar, era hora da mamãe aprender a cozinhar; Quando Sophia começou a andar, foi hora de comprar grade para a escada e mais uma vez retirar objetos perigosos que ficavam ao alcance das mãozinhas; Quando Sophia começou a falar, era hora de cuidar não somente com as palavras que usaríamos, mas também como falaríamos! Todas as etapas envolviam uma espécie de “ação e reação”. Mas ninguém me falou, e eu também não parei para pensar, que a etapa do desfralde envolvia muito mais do que simplesmente deixar de usar fraldas! Havia todo um trabalho multidisciplinar, que envolvia amor, paciência, carinho, incentivo, algumas roupas a mais para lavar e ficar sem sair de casa para passear por algum tempo!!!
O pediatra da Sophia quando me instruiu a começar o desfralde, ele me orientou a não usar penico, pois era um objeto muito ultrapassado! Deveríamos usar o redutor de assento! Como toda mãe de primeira viagem, eu ouvi a orientação e não pensei duas vezes em segui-la passo-a-passo. Fui imediatamente comprar um redutor de assento. Sophia imediatamente odiou o mesmo e por isso me vi na necessidade de comprar o penico. Não queria em hipótese alguma traumatizar minha filha, vai que ela nunca mais deixa de usar fraldas porque eu a forcei a usar somente o redutor. Mas nem o penico deu certo … inclusive gastei horrores com aquelas fraldas de treinamento da Huggies “Pull-Ups” (é uma fralda que você coloca e tira como uma calcinha/cuequinha), mas nada!! Sete meses depois Sophia amou o penico e o usa a cada 5/10 minutos!
Tudo estava perfeito, até que saímos para tomar um lanche numa confeitaria e Sophia anunciou “Quero fazer xixi no penico” … super feliz, a mamãe pegou em suas mãozinhas e fomos ao banheiro e ela se depara com um vaso! Foi um chororô infinito … o jeito foi falar para o xixi esperar que estávamos indo embora. E assim fizemos. Mas e agora?? Como iríamos sair de casa?! Levamos o penico? Vamos somente para o shopping, aonde existe banheiro família, com aqueles vasos sanitários miniatura? Não … isso não seria saudável! Nem para Sophia, nem para a família.
Ontem saímos as mulheres da família: eu, Sophia, minha irmã e mãe. Na hora minha mãe falou “Vamos colocar a fralda na Sophia, né!” … eu disse não! Seria uma confusão na cabecinha dela e poderíamos estragar todo o maravilhoso processo do desfralde. Precisaríamos arriscar! Levei um traje completo, incluindo meia e tênis e fomos passear. Quando já estávamos a mais de uma hora e meia fora de casa, bateu a vontade de fazer xixi e minha irmã a levou para o banheiro de “gente grande” e, como uma princesa linda que é, Sophia aceitou fazer xixi no vaso! Que emoção … precisei segurar as lágrimas para não chorar! Mais um tempo se passou e no restaurante deu vontade de fazer maaais xixi, desta vez ela pediu que eu fosse levá-la e…. ela fez!! VIVA!!
Pronto … mais uma etapa do desenvolvimento estava completa: Sophia agora é uma mocinha que só usa (por questões de segurança) fraldinha para dormir, durante o dia, ela usa apenas calcinha!! E mamãe aprendeu que o desenvolvimento não é apenas do frutinho, é preciso toda a família se desenvolver junto … parafraseando Marcelo D2 e seu filho “Eu me desenvolvo e evoluo com minha filha, eu me desenvolvo e evoluo com minha mãe!”