Daí que esses dias li dois posts sobre relatos de partos, ambos bem fortes e sinceros e, que me fizeram parar e pensar muito sobre o meu parto.
Infelizmente, terei que falar e refalar (existe essa palavra?!) que quando me vi grávida, não compreendia a magnitude do que estava acontecendo comigo e tudo aquilo que viria acontecer a partir daquele momento! Eu não conhecia o que era ser mãe … eu tinha minha mãe como exemplo: mulher que teve duas filhas, a primeira num susto e a segundo muito bem planejada e desejada, ambas muito amadas. Desde o princípio trabalhou fora, mas isso jamais significou que a educação e cuidados fossem delegados à escola ou babás, embora tenha sempre contato com um, outro ou ambos os serviços. Nunca bateu, mas brigou e chamou muito nossa atenção, não gostava que amigas nos visitasse nem que visitássemos nossas amigas, mas a gente jogava charme e conseguia dormir na casa das BFF! Fomos e somos muito amada, mas tivemos que crescer e amadurecer muito rapidamente.

Depois do exemplo da minha mãe, tive uma tia que foi a primeira mulher grávida que realmente conheci. Esta sim me ensinou o que era ser mãe e todas as suas funções. Acompanhei trimestralmente desde o resultado do exame até o quarto/quinto ano de vida o desenvolvimento da mãe e do filho, incluindo a descoberta de uma diabetes tipo I aos três anos. Aprendi as fases de desenvolvimento e, mais do que isso, como trata-las e cuidá-las.

Em ambas as experiências, o parto foi muito mal divulgado, para não dizer, nada comentado. O que eu sabia eram das perguntas que eu fazia muito antes de estar grávida, era uma questão de curiosidade de menina/mulher.

Cresci ouvindo histórias do tipo:

**Minha mãe I – A primeira gestação estava tudo bem até que aos seis/sete meses o bebê resolveu sentar e por ali ficar. Houve aumento de pressão em função do excesso de peso e por isso assim que a bolsa rompeu, foi para a maternidade, vários testes de dilatação e ninguém compreendia que a criança estava sentada e não teria condições de parto normal. Obstetra chegou e realizou a cesariana.
**Minha mãe II – A segunda gestação foi planejada, sabe até o dia em que houve a fecundação! Todos os cuidados foram tomados, nada de excesso de peso e todos os cursos e exercícios ensinados foram devidamente aprendidos e executados. Bolsa rompeu, ida à maternidade e muitos testes de dilatação e nada. Novamente uma cesariana foi realizada.
**Minha avó materna – Seis gestações, sendo a ultima interrompida numa cirurgia de laqueadura (minha avó não sabia da gravidez). Todas de parto normal, feito em casa. Minha mãe diz que mal dava-se para notar que minha avó estava grávida, porque ela engordava muito pouco. Todas as gestações foram tranquila, porém o penúltimo filho nasceu de parto seco e pesando pouco mais de 5kg, e isso foi muito traumático.
**Uma das minhas tias – Gestação muito deseja e planejada. Todas as atenções da família estavam voltados para esse bebê, afinal, o neto/sobrinho mais novo tinha dezessete anos. Minha tia estava com trinta e seis semanas de gestação quando sentiu uma contração, o obstetra decidiu aplicar uma injeção endovenosa para auxiliar o completo desenvolvimento dos órgãos que ainda não estavam em total formação. Dias após a injeção ela entrou em trabalho de parto e uma nova dose da mesma injeção foi aplicada. Não houve condições (dilatação) para parto normal.

E essas foram as histórias de partos de mães reais que eu sabia. Tudo porque eu sou muito curiosa e sempre perguntei, mas enquanto eu estava grávida, jamais me lembrei disso ou mesmo pensei em perguntar as opiniões, sentimentos e experiências.

Hoje, quando paro e penso e tudo o que vivi há quase quatro anos atrás, confesso que fico pasma com todas as situações e sentimentos que vivi. Na verdade, esse é o problema, em nenhum momento eu vivi aquela situação, eu passei. Eu não sei se eu amei ou odiei toda aquela situação.

Eu descobri que estava grávida numa quarta-feira após o almoço. Durante aquela tarde minha mãe e irmã tinham horário no salão de beleza e eu fiquei lá, sentada, sem fazer nada, sem pensar em nada, sem desejar nada. Foi uma tarde em que fiquei inerte, off-line de tudo e todos. Quando soube que iria ver meu pai, daí bateu o desespero e o medo … mas ele me abraçou e disse “Eu te amo”.

No dia seguinte eu precisei sair para comprar roupas para mim, porque durante a noite uma barriga apontou e todas as minhas roupas (calças) não fechavam na cintura! Na sexta-feira eu fiz uma consulta na minha clínica geral que me forneceu uma requisição para ecografia. Consegui horário para o mesmo dia. Quando achei que teria apenas a confirmação de que estava grávida, descubro que estava com quase cinco meses, um feto de dezesseis centímetro, oitocentos e algumas gramas, sexo feminino e que nasceria no início de fevereiro. O médico que realizou o exame ainda me assustou, no início disse que eu poderia estar grávida de sete ou oito meses (OI?!?!? COMO ASSIM?!?!) e depois me questionou se eu ainda não havia sentido o bebê mexer, quando eu disse que não ele se preocupou, mas depois disse que estava tudo bem. TUDO isso demorou uns cinco, seis, no máximo dez minutos.

Depois disso eu só pensava no exames que eu havia deixado de fazer e aqueles que teria que fazer urgentemente, qualquer deficiência ou problema, quem sabe seriam tarde demais para corrigir. Mas por um milagre de Deus, Sophia era perfeita. Eu temia pela sua saúde em virtude de algumas radiografias que realizei no consultório da minha mãe, fora exercícios físicos (incluindo aula de Muay-Thai) e ingestão nada acidental de remédios para emagrecer.

Os meses foram passando e tudo o que eu fazia era trabalhar. Não conseguia ver melhor maneira de “agradecer” por tudo o que minha mãe estava fazendo por mim e pela minha filha. Todo o enxoval, seja minhas novas roupas, da nova casa e do bebê, tudo foi comprado pela minha mãe, isso até o ano novo, porque assim que 2009 chegou, meu pai começou a amar a ideia de ser avó.

ABRE ASPAS

O abraço e o “Eu te amo” do meu pai no dia da descoberta, foi o único contato que tivemos no restante daquele ano. Se a gente se cruzava dentro de casa, ele desviava o olhar para qualquer outro ponto oposto à minha pessoa. Foi horrível!

FECHA ASPAS

Só sei que não sentei diante do computador para pesquisar absolutamente nada sobre gestação, não comprei nenhuma revista ou livro, não assisti nenhum programa, não fiz nenhuma pergunta para meu obstetra. Não contava para ninguém que estava grávida e se saia desejava não encontrar ninguém.

Lembro-me apenas que perguntei ao me obstetra se parto normal e a cesariana eram o mesmo preço. Só isso. No mais, não tive vontade de querer saber mais nada.


Entrei em trabalho de parto sem saber que aquilo era trabalho de parto. Sentia uma pontadas, um incomodo, uma espécie de cólica menstrual super forte e aguda que durava pouquíssimo tempo e passava. Isso ficou por algum tempo, até que me levantei da cama, fui até o quarto dos meus pais, acordei minha mãe e expliquei a dor; Ela calmamente sentou, pediu para eu tomar banho, lavar o cabelo e iria acordar minha irmã para fazer uma escova. Eu fiz tudo isso. Quanto terminei de secar o cabelo, liguei para meu médico que me indicou ir ao hospital/maternidade para fazer o exame de cardiotoco, eu fui, fiz e como tinha consulta na parte da atarde no obstetra, ele iria me avaliar, eu estava com dois centímetro de dilatação. Algumas horas se passaram, a intensidade da dor aumentava e o intervalo entre elas diminuía. Voltei ao hospital/maternidade e não saí mais. Os mesmos dois centímetros permaneciam. Fui caminhando para o centro cirúrgico, aonde fui muito querida e cuidada. Em alguns minutos Sophia nasceu através de uma cesariana.

Não tive nenhum problema no pós operatório. Sophia nasceu às 13h45 e lá pelas 17h30 eu suplicava por levantar da cama e tomar banho. Pedido atendido! No banho, deixei o sabonete cair no chão e no impulso, me abaixei e peguei, assim, como se nada tivesse acontecido.

Mas sabe que hoje eu repenso tudo o que houve. Dizer que errei, não! Afinal, eu não tinha a menor ideia e dimensão daquilo que estava vivendo.

Felizmente não tenho más lembranças do parto, e não tenho queixa ou reclamação, porém hoje, graças a blogosfera e tudo o que aprendi nesse mais de um ano de blogueira aprendi os benefícios e a importância do parto normal.

Às mamães blogueiras que escreveram seus relatos, desabafos e opiniões sobre os tipos de parto e esclarecendo os benefícios do parto normal, meu muito obrigada! Graças a vocês, numa próxima gestação, com certeza estarei aberta, disposta e se tudo permitir disponível. 

As imagens foram retiradas na internet, OK!??