“O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” 
Salmos 30:5 

Foi mais ou menos essa a sensação que tive quando descobri que estava grávida, de que a Terra havia parado de realizar os movimentos de translação e rotação, que o tempo havia parado e eu estava congelada, inanimada, sem condições de fazer alguma coisa. 

De todas as coisas que já aconteceram na minha vida, e posso garantir que já passei por muitos momentos delicados, segurar aquela tirinha de papel mergulhada no meu xixi que estava num copinho descartável e vendo a tira ficar rosa, aparecer um risco e depois de cinco e longos minutos aparecer mais um risco e por lá ficarem foi o momento mais inesquecível da minha vida, embora naquele momento a única coisa que eu desejasse era esquecer o fato de que eu estava grávida. 

Nesse primeiro momento, MINHA vida parou porque eu me vi na seguinte situação: eu estava com vinte e um anos, solteira –não era casada nem noiva, tinha um namorado-, estudando jornalismo numa universidade particular entre tantas outras coisas desfavoráveis para aquele momento. Foi então que eu decidi que a partir daquele momento eu não teria mais fome, sede, sono, cansaço, opinião, vontade, desejo … eu evitava sair de casa, a não ser para trabalhar, para que ninguém me visse grávida; eu tirei pouquíssimas fotos grávida, tinha vergonha de me ver naquela situação. Não posso esconder o fato de que naquele momento eu odiei estar grávida. Foi péssimo, foi horrível, foi assustador. 

Eu engordei pouco na gestação, uma vez que eu já estava acima do peso antes da descoberta, engordei uns 11-13kg. 

Minha princesa nasceu e ali foi outro momento que a MINHA vida parou. Embora eu tenha me colocado numa total situação de submissão, antes eu tinha as “atenções” de todos na minha casa e, quando Sophia nasceu, aquele cuidado que tinham comigo, foram todos voltados para ela. Foram tempos horríveis e eu só pensava em sair dali e nunca mais voltar; chorava dia e noite, noite e dia. 

O tempo passou e nós, eu e Sophia, fomos morar com o papai. Ai Jesus, só de lembrar dá vontade de chorar horrores … posso pular essa parte?!? Obrigada!

Minha mãe pediu para eu voltar a auxilia-la quando Sophia estava com quase sete meses de vida e eu vi ali a oportunidade de ver sol, chuva, pessoas diferentes … aceitei. Foi o momento de colocar a princesa na escola para poder ter uma vida “normal”. Hoje agradeço a Deus porque vejo o desenvolvimento intelectual da Sophia por causa da escola, coisa que tenho certeza que não teria comigo em casa. 

Quando Sophia completou um ano, eu não sei o que aconteceu comigo, juro que não consigo me lembrar de nenhuma anormalidade, nenhum momento triste ou depressivo que me fizesse engordar tanto! Cheguei a pesar muito mais do que quando terminei a gestação. Virei um monstro … tanto é que não tenho fotografia no período do primeiro ao segundo ano e meio de vida da princesa. As pouquíssimas fotos que tenho do meu casamento, estão numa pasta escondida no celular da minha irmã. Ali a MINHA vida parou mais uma vez. 

Eu não consegui me sentir bem! Eu não tinha roupa e morria de medo de alguém me perguntar se estava grávida. Usava uma calça de moletom e algumas camisetas enormes … só de pensar naquela época meus olhos enchem de lágrima. A gente só escuta falar em “auto estima”, eu tinha baixo estima! Minha mãe me convidava para ir ao shopping dar uma volta e eu recusava, afinal, ir ao shopping passar vontade?! 

No final do ano passado, decidi que precisava emagrecer … não porque a moda exige manequim 36/38 no máximo 40; não para ser admirada por ser mãe e ter corpo de miss. Decidi emagrecer o suficiente para ser feliz comigo mesma e recuperar a auto estima que sempre tive. 

O primeiro passo para MINHA vida caminhar foi decidir emagrecer mas entender e aceitar que muito dificilmente eu iria ter o corpo de antes de gestação. Fui para a academia e estourei meu joelho numa tentativa de ter um corpo magro. Estou esperando passar as festas e o verão para ser operada. Já que exercícios físicos não rolam, o jeito foi reeducar uma alimentação mal educada. 

Então que um ano depois aqui estou eu para confessar para vocês que não estou com o corpo dos meus sonhos, mas MINHA vida voltou a andar, voltou a correr, voltou a sentir o prazer e alegria de antes. Hoje eu posso dizer que estou feliz comigo mesma e, sinto que isso mudou muito meu relacionamento com meu marido e minha filha! 

Depois de quatro anos, hoje tenho prazer de andar no shopping; Depois de quatro anos, hoje entro em loja e provo roupas sem sofrer se estão apertadas, mas para isso já peço um tamanho “G”; Depois de quatro anos fui no shopping, entrei numa loja e comprei roupas que amo de paixão; Depois de quatro anos paro na frente do espelho e me maquilo com prazer, sem sofrimento! 

Por que digo “depois de quatro anos”?!? Porque hoje, vinte e nove de outubro de 2012, celebro quatro anos da descoberta da gravidez por um teste de farmácia. Há quatro anos MINHA vida parou e tomou tantos rumos diferentes dos que eu um dia sonhei, planejei, desejei e quis para a minha vida … mas hoje dou graças a Deus por todos eles!