Na última semana, São Paulo viveu cultura! Dos dias nove a dezenove de agosto o Ministério da Cultura apresentou a 22° Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Não consigo dimensionar a magnitude de um evento cultural como esse; acho que mesmo aquele que não gosta de livros, por exemplo …. se apaixona!
O mundo dos livros é fascinante; a gente consegue viajar lendo as histórias mais fantásticas. Há quem diga que quando a história do livro sai para o mundo dos cinemas, perde um pouco do encanto, já que muito da história é cortada!

Muitos são os estudiosos que afirmam que crianças aprendem a amar os livros por estimulo e incentivo dos pais/avós/responsáveis! Meu pai, por exemplo, é amante dos livros! Durante as férias dele, facilmente termina cinco ou seis livros daqueles enormes e de temas variados; minha mãe adora ler, mas nada comparado à paixão do meu pai. Confesso que não me lembro de um dia sequer que meus pais tenham sentado em minha cama e tivessem lido um gibi que fosse para mim. Na verdade, não me lembro porque essa cena nunca aconteceu!

Eu já falei AQUI que não sou a mais apaixonada pelos livros, preciso ter muita paixão pela história para me fazer sentir prazer. Se não me prendo nas primeiras linhas, abandono muito facilmente! Porém com Sophia estou fazendo diferente, quando ela pede, sento junto e leio tudo o que ela pede! Espero que com isso ela tenha mais prazer na leitura!

Durante a Bienal, muitos foram os fóruns de discussão, exposições, apresentações … e entre tantas atrações, Ziraldo, -cartunista,  chargista, pintor, dramaturgo, caricaturista, escritor, cronista, desenhista, humorista, colunista e jornalista- falou o seguinte numa entrevista “A família brasileira não lê. Nós temos a internet que pode ser a fonte da vida e do conhecimento, mas o computador é usado como brinquedo. Muitos pais não percebem, mas seus filhos se tornaram idiotas” . Óbvio que isso gerou muito falatório e rendeu o seguinte texto de Zuenir Ventura, -escritor e jornalista- que, na minha opinião, explica muito o que Ziraldo quis dizer.

Na sua cruzada pela difusão da leitura no país, Ziraldo provocou polêmica aqui na Bienal do Livro de SP, ao afirmar que os pais hoje não percebem que seus filhos estão ficando “idiotas”. E que a culpa é da internet.

Muita gente concordou com a afirmação, que a outros pareceu exagerada, até que o professor de física Pierluigi Piazzi disse depois mais ou menos o mesmo, com mais ênfase. Para ele, a internet está criando jovens “imbecilizados”, “deficientes mentais”, uma “geração talidomida”, a ponto de o Hospital das Clínicas ter criado, segundo ele, um departamento de “desintoxicação” desses viciados.

Citou ainda a experiência feita numa universidade dos EUA, quando, impedidos de acesso a computador e celular por três dias, usuários compulsivos desenvolveram a síndrome de abstinência, como a de qualquer dependente de drogas. “Tiveram vômitos, dor de cabeça, febre e convulsão.”

Fiquei impressionado, porque um amigo acabara de me informar que, por insistência da família, estava se tratando com um psicanalista para se libertar do celular (e, claro, da internet). Tomara consciência de que estava doente, inclusive porque era mais fácil conversar com ele por telefone do que pessoalmente, mesmo em sua presença.

Apesar de não correr o risco, porque nem celular tenho, acho que atribuir à tecnologia toda a culpa pelo pouco caso com o livro me parece injusto.

A responsabilidade tem que ser repartida também com a família e a escola. Num lar onde os pais não saem da frente do computador ou da televisão e não gostam de ler, os filhos dificilmente vão gostar, porque tendem à imitação.

O contrário funciona como estímulo: o gosto pela leitura começa em casa e pode se desenvolver na escola, desde que não seja imposta como obrigação.

Pra não dizer que não falei de Alice, minha neta prova que é possível a convivência. Ela lida tão bem com as novas tecnologias da comunicação que me dá aulas de ipad. Ao mesmo tempo, adora ler, isto é, vive pedindo que leiam para ela uma história, inclusive as do Ziraldo.

Aliás, uma vez em Porto Alegre, diante de uma plateia de professoras, eu lamentava que os jovens tivessem perdido o gosto pela leitura, quando uma delas me corrigiu: “Só se for o adolescente, porque as crianças estão lendo.”

E contou o que ocorrera na véspera, quando cerca de 2 mil leitores mirins tinham se aglomerado para ver e ouvir o autor infantil preferido deles. Seu nome: Ziraldo. Em suma, é preciso não generalizar os casos patológicos.

Texto original AQUI

Sabe que isso é algo que tem me preocupado um pouco! Vejo por mim e pela minha filha: a facilidade que as crianças tem em manusear e aprender a mexer em eletroeletrônicos! Sophia tem pouco mais de três anos e meio e mexe em smartphone, tablet, computador e vídeo-game milhões de vezes mais E melhor que muitos adultos. Porém, eu tento ao máximo manter as raízes dos tempos antigos, mostrando a importância de pintar com lápis de cor, giz de cera, tinta guache, canetinha …. a gente viveu muitíssimo bem assim e não foi nenhum pouco traumático, foi?!?


Acredito que tudo seja uma questão de equilíbrio. Não existe a possibilidade de fugir da internet, acesso rápido e a qualquer hora e em qualquer lugar, televisão à cabo com transmissões ao vivo de outros países, quase que uma obrigatoriedade de dominar outros idiomas, mas não podemos fazer dos nossos filhos uma máquina que só sabe viver online.

Há algum tempo, meu primo de nove anos (na época estava com oito) estava fazendo uma lição da escola em casa e era sobre esportes e precisava fazer uma pesquisa sobre a brincadeira queimada. Quando eu fui falar para ele o que eu sabia, ele simplesmente saiu da cadeira, pegou o notebook, entrou na internet, num site de busca digitou “queimada” e inúmeras imagens de lugares pegando fogo apareceram, ele substituiu por “brincadeira queimada”, várias imagens apareceram e ele clicou em uma que tinha a explicação, e dali fez a tarefa! OI?!? COMO É QUE É?!!? Aonde está a pesquisa, a comparação, acrescentar várias opiniões diferentes?!? Ninguém mais usa Barsa, Enciclopédia Ilustrada ou Almanaque Abril?!?!

Claro que a internet traz proximidade e praticidade, mas eu quero, de verdade, que minha filha tenha opiniões diferentes e que possa saber aquilo que está lendo, não apenas um simples atos de copiar/colar, mesmo que ela tenha que escrever, mas muitas vezes se torna automático e se perguntada minutos depois o que ela escreveu, mal sabe dizer!

Decidi escrever este post hoje, porque vinte e três de agosto é comemorado o dia do internauta! Por isso, quero abrir essa reflexão, para que possamos fazer da internet um aliado para a educação, cuidado e zelo dos nossos frutinhos.