Se existe um momento na minha vida
materna que eu jamais irei esquecer, sem dúvida foi o dia em que fui fazer
minha primeira ecografia … eu posso garantir que foi simplesmente
aterrorizante.
Eu descobri que estava grávida numa
quarta-feira, vinte e nove de outubro de dois mil e nove através de um teste de
farmácia. Alguns dias antes do teste, eu já havia marcado uma consulta com
minha clinica geral, que faz uma medicina oriental, para olhar meu nível de
stress, acupuntura e vitaminas para sexta-feira, trinta e um de outubro. A dra.
Su (minha médica) fez alguns exames com um aparelho que mede a energia vital do
corpo e meu nível de energia estava alta e hormônios em ebulição, fez uma
medição que os orientais fazem para ver de quantas semanas eu estava e escutou
o batimento cardíaco do feto … era tudo verdade, eu estava grávida. Para
tirar toda e qualquer dúvida, então vamos fazer um exame de ….. imagem! Juro
que hoje me questiono o porque não pedi um exame de sangue ao invés de ir fazer
uma ecografia!
A consulta com a médica era no período
da manhã, namorado/papis foi junto e quando saímos do consultório fomos almoçar
com minha mãe num restaurante. Durante o almoço, que foi a primeira vez que os
dois se viram depois da descoberta eu falei que tinha recebido uma guia para
fazer uma ecografia e, minha mãe como é movida a gasolina já pediu para um
garçom uma lista telefônica, pegou o celular e ligou para um laboratório de
imagem perto de casa que tinha um horário as 13h45min … prontinho, exame
agendado!
Saímos do restaurante eu e
namorado/papis e fomos direto para o lugar que iriamos fazer a ecografia,
aguardamos alguns minutos e já fomos chamados. Entramos numa sala estreita e
comprida, muito escura, a pouca claridade vinha do reflexo de uma projeção na
parede, como se a parede fosse uma tela de cinema que estava com o projetor
ligado mas em stand-by. A maca ficava
perto da porta e perto da parede/telão havia uma poltrona que o namorado/papis
sentou. Uma mocinha tipo enfermeira mediu para eu ajeitar a calça mais para
baixo e subir um pouco a camiseta, protegeu a roupa com uma toalha e pediu para
que esperássemos.
Alguns segundos, ou minutos, se
passaram e um homem entrou, acho que era o médico. Perguntou se eu era a
Marcella, deu um OI para o acompanhante e começou a passar um gel bem geladinho
da minha barriga, enquanto ligava o aparelho e começa a deslizar uma coisa na
barriga espalhando o gel perguntou “acompanhando o crescimento do feto?!” / “na
verdade doutor, vim ter certeza se estou grávida”/ “então veio ver o sexo?!” /
“não doutor, vim ver se estou grávida mesmo, não tenho certeza”/ “como não tem
certeza, você está grávida de uns sete ou oito meses aparentemente, não sente o
bebê se mexer?!” / “não” / “então é melhor confirmar essa gestação mesmo” e
assim começou o exame. Juro que não sei daonde saiu aquela imagem nem aquele
som, mas de repente apareceu um treco na parede e um som que parecia o fundo do
mar, só que mais forte, mais pesado.
Aparelho para um lado, aparelho para
outro, aparelho para cima e depois para baixo, ajeita aqui e …… tumtumtumtumtumtum
tumtumtumtumtumtumtumtumtum
“tem batimento cardíaco, está tudo bem”.
Naquela escuridão toda eu enxerguei uma pessoa branca quase transparente, era o
namorado/papis quase desmaiando! Um pouco mais de exame e o médico congelou na
parede a imagem em 3D da coluna vertebral, comentou que o feto havia 32cm,
pesava 850g e alguns minutos depois perguntou se eu queria saber o sexo, eu
respondi “será que já é possível?” e ele respondeu “uma menina, data prevista
para o parto 06/02/2009, gestação de apenas um feto”; tirou o aparelho, deu uma
limpada naquele gel e disse que eu poderia me vestir e aguardar a enfermeira
voltar.

Não passou de cinco minutos minha
consulta, okay, dez no máximo e eu e
Ramon ficamos ali, em choque e sem ação: éramos pais de uma menina, em dois
dias nossa vida havia mudado num angulo de 180°, como eu um dia havia pedido há
Deus numa oração antes de dormir há algumas semanas atrás.
Eu não voltei naquele laboratório para
fazer os outros exames, não indico para ninguém pois não gostei do atendimento
e frieza dos profissionais, mas foi naquele lugar que eu descobri que uma
menininha seria a razão do meu viver, seria minha vida do mundo!
Beijos e comenta,