Você leu certo, agora é real oficial. Após todo o turbilhão de emoções vividas em 2022, hoje eu posso escrever que, com certeza, estou pronta para assumir meu propósito.
Quando criei esse espaço virtual, há 12 anos, o intuito sempre foi compartilhar, aprender e ensinar a maternidade. Me lembro perfeitamente do dia que decidi criar um blog. Eu trabalhava no consultório odontológico da minha mãe. Era de manhã e eu não aguentava mais ver dentes na minha frente. Queria muito voltar a fazer jornalismo mas não tinha condições financeiras. Lembrei que havia algo chamado blog no universo virtual: pessoas escreviam quase diariamente sobre temas do seu interesse e postavam numa página personalizada. Eu seguia alguns blogs de maquiagem, filmes e música. Comentava, interagia, e via que muita gente participava. Passei aquela manhã inteira pesquisando como criar um blog. Descobri o blogger e fui criar uma conta. Se não foi a primeira, com certeza umas das primeiras perguntas era sobre o nome do blog. Veio a luz: minha maternidade. Criei a conta, escolhi o template e escrevi o primeiro texto. Postei. Não contei para ninguém. Foi um segredo meu. Na volta do almoço fui mexer na plataforma e para minha surpresa dizia que eu blog havia recebido 50 visitas. Eu chorei de alegria. Quem eram? Como chegaram? O que acharam? Um misto de emoções. Eu não via a hora de escrever mais e mais.
No minha maternidade eu escrevia sobre assuntos que gostaria de conversar com outras mulheres, outras mães. Quando Sophia nasceu, eu estava com 21 anos e não tinha nenhuma amiga sobrevivendo a maternidade. Dias passaram e as visitas só aumentavam, foi então que compartilhei com minha família sobre esse projeto. Eu não podia ter cinco minutos de tempo livre no consultório que escrevia um texto.
Por uma besteira que fiz precisei recomeçar o blog pouco tempo depois que estreei ele, por isso muita gente não sabe que o nome original era minha maternidade, a maioria já conheceu como mon maternité, que é minha maternidade em francês.
A paixão por compartilhar minhas aventuras e desventuras maternas foi aumentando diariamente. Eu comecei a fazer da hora de escrever a minha hora de prazer pessoal. Lembro que depois de um dia de consultório eu chegava em casa, curtia a Sophia, ficava com o Ramon, arrumava o que conseguia e precisava com a cabeça já pensando na hora que ia escrever. Quando sentava no computador era meu momento, minha terapia. De repente as coisas começaram a acontecer: parcerias, sorteios, comentários, visualizações, convites. Eu descobri que estava no caminho certo quando comecei a receber emails de mulheres querendo conversar. Diziam que quando liam meus textos se sentiam conectadas a mim, como se estivéssemos conversando.
Meus textos sempre tiveram um tom muito pessoal. Usava minhas experiências como assunto para os posts, por exemplo: Sophia rabiscou a parede do quarto com caneta. Eu escrevia como foi, o que fiz, o que havia lido por aí, o que já tinha visto em programas, usava até o que escutava de histórias de pacientes e abria para uma conversa com quem me lia. Acontece que eu sempre senti falta de fazer certo, de ser uma jornalista.
Eu entrei na faculdade de jornalismo em 2006 com 18 anos. Apesar de naquela época ser uma péssima aluna, eu me apaixonei pela profissão. Tranquei o curso em 2008, Sophia nasceria no início de 2009 e não havia possibilidade financeira e emocional de continuar. Em 2011 quando entrei para o mundo das blogueiras, sempre sentia que precisava ser diferente das meninas que postavam fotos de maquiagem ou look do dia. Eu não queria apenas compartilhar minha vida e rotina, eu desejava informar sobre a vida de uma mulher aprendendo ser mãe.
Acontece que quando eu estava “na crista da onda” no mundo online, eu também comecei a não me encaixar no mundo virtual. A panelinha que eu vivia de mamães blogueiras, mulheres que escreviam e compartilhavam por amor, começou a ser engolida pela onda das influencers. Meu intuito nunca foi influenciar, muitas vezes meus textos pessoais me faziam pensar se ao invés de informar eu não estaria somente compartilhando minha opinião pessoal. Parecia que as pessoas não estavam mais tão interessadas em ler textos em blogs, elas começaram a preferir vídeos no YouTube e acompanhar o lifestyle e a rotina no Instagram. Puxa vida, quando eu enfim tive a oportunidade de voltar pro jornalismo e escrever de forma correta, eu desanimei.
Em 2017 eu consegui voltar para a universidade. Fiz vestibular, passei e me matriculei. Não foi fácil. Estudar com adolescentes de outra geração, acordar cedo, provas, trabalhos, trabalhos em equipe … sem falar a grana para pagar as mensalidades. Em 2020, o ano que todo mundo quer esquecer, eu venci: defendi meu TCC e concluí minha graduação em jornalismo. Aliás, meu TCC foi este veículo de comunicação. Eu tinha certeza que bastava ressignificar o Mamãe de Salto para voltar a ter tesão em escrever novamente. Mas não foi assim. Continuei desanimada. Sentia que ainda faltava algo que me reconectasse ao tema que amo e escolhi para o meu trabalho de conclusão de curso: mulheres pós maternidade.
A pandemia nos tirou tanto. Foram dois anos que perdemos muito. Por aqui nos cuidamos, seguimos as orientações da ciência e passamos 2020 e 2021 em casa. Quando a vacina veio, decidimos que iríamos viver intensamente. Começamos 2022 com vários planos, a maioria incluía shows e viagens. A cada dia e a cada nova experiência vivida a gente tinha mais certeza de que estávamos completos. Parecia que não tinha como melhorar. Só parecia. Um exame de rotina mostrou que quando se está feliz, o amor se multiplica. Nossa família iria crescer. Novamente uma gravidez surpresa. Quando eu descobri a gestação achei que conseguiria escrever muito, compartilhar essa nova experiência e aprender mais sobre maternidade, mas eu não tive forças. Quando a ficha começou a cair e eu comecei a assimilar e entender tudo o que tinha vivido em 2022, já era reveillon.
E o novo ano começou.
Hoje, segunda-feira, 16 de janeiro, eu acordei feliz. Acordei após 120 dias de um encontro mágico. O mundo me surpreendeu com um novo sentido. Como eu precisava ser mãe da Sophia há quase 14 anos. Como eu precisava ser mãe do Raphael depois de uma pandemia. Hoje eu acordei feliz com as escolhas que fiz. Hoje eu acordei feliz por experimentar as experiências que eu não sabia que precisava para viver. E tudo fez sentido. Eu precisava terminar minha faculdade e ser jornalista, eu precisava ter passado pelos perrengues da vida, eu precisava estudar sobre mulheres e maternidade e precisava ser casa novamente para entender que agora eu estou pronta para assumir meu propósito como mulher, jornalista, esposa e mamãe de dois.
Desculpe o textão, mas não seria eu se voltasse a escrever sem relembrar toda essa caminhada e compartilhar as novidades. Se você chegou até aqui, muito obrigada pelo apoio, suporte e carinho. O Mamãe de Salto voltou!