Há muito tempo, numa galáxia muito distante, depois da surpresa como foi a descoberta da gravidez da Sophia e do sexo biológico dela logo na primeira ecografia, eu e Ramon conversamos algumas vezes sobre a possibilidade de, numa possível e futura gestação, saber o gênero do bebê somente na hora do nascimento. Seria algo extremamente ousado, mas como com nossa primogênita durante a compra do enxoval, pouco escolhemos as peças e acessórios dela voltado para o famoso e absurdo “meninas vestem rosa e meninos vestem azul”, parecia ser algo possível de experimentarmos. O que Sophia teve de roupa rosa/roxo foi por ser fofo mesmo, mas sempre me incomodou demais entrar em lojas e os vendedores começarem o atendimento perguntando “é para menino ou menina?”. Eu sempre respondia “é para um bebê”.
Acontece que esta gestação foi novamente um susto com surpresa e, como contei aqui, dobramos a meta e diminuímos o tempo de gravidez para pouco mais de três meses. Então durante nosso primeiro exame oficial, era meio que impossível não saber o sexo, já que as dúvidas sobre formação eram gigantescas. Pensa só saber o desespero que foi saber que perdemos não apenas um, mas os dois principais exames morfológicos iniciais do feto. Não tinha a menor possibilidade de não saber tudo o que era possível naqueles trinta/quarenta minutos, por isso a missão “descobrir o sexo biológico no nascimento” foi abortada com sucesso. Tá bom, a gente nem lembrou disso na hora!
Eu sabia que tinha um bebê dentro de mim pois num princípio de ultrassonografia intravaginal me foi mostrado duas pernas, dois braços e uma cabeça, e que esse possivelmente tinha entre três/quatro meses. Essa é a informação que recebi. Fiz um teste de farmácia porque, né, merece foto no Instagram. Mas foram cinco dias de desespero, pois eu sabia que era um bebê grande mas não tinha ideia do quanto, e vieram mil perguntas na cabeça: “será que está vivo? será que é perfeito? e se eu fiz alguma coisa que prejudicou o desenvolvimento desse bebê? será que está vivo?”. Essas perguntas ficavam em looping na minha cabeça, então liguei para vários lugares que faziam exames que eu conhecia, mas todos que me atenderam respondiam a mesma coisa: somente com solicitação do médico. Eu marquei obstetra, só que como era na semana do feriado de Corpus Christi, ainda ia “demorar”.
Ah Google, santo Google! Pesquisei por “ecografia gravidez curitiba” e apareceu uma clínica com várias ótimas recomendações, mulheres dizendo que conseguiram horário no mesmo dia. Era o que eu precisava! Liguei na terça-feira, 14, pouco depois das 10h. A recepcionista foi muito atenciosa, entendeu e notou meu desespero falando “moça, é o seguinte, descobri que estou grávida no final de semana e preciso muito saber como esse bebê está, queria marcar um exame mas não tenho requisição, pode ser particular, é possível?”. Ela ainda me disse que eu poderia fazer por um plano que garante valores mais acessíveis e você paga somente quando usa. Como eu não sabia mexer nisso e fiquei com medo de fazer algo errado ou ainda demorar mais tempo para dar certo, pedi pro Ramon de presente esse exame. Agendamos para o mesmo dia, às 14h.
Eu já nem consegui trabalhar, comer, pensar direito durante o período de espera. Se ela tivesse dito “pode vir agora?”, com certeza eu teria ido. Minha pressão arterial deve ter ido nas alturas, ansiedade a mil.
A clínica é bem legal, o espaço é muito bonito e cheio de fotos de bebês dos exames nas paredes. Na hora do cadastro veio a pergunta clássica “data da última menstruação?” e foi aí que o papo começou. Expliquei que não sabia porque tomava pílula e descobri a gravidez num exame de rotina. A moça que esperava para ser atendida já ficou nervosa porque estava ali para exame de rotina para ver o DIU. Naquela sala de espera me lembrei que as mulheres se desesperam ouvindo meus relatos de descoberta de gravidez. Acho que a partir de agora vou inventar uma data só para não gerar caos e desespero.
Chamaram eu e Ramon. Entramos na sala, a auxiliar me colocou sentada novamente na cadeira desconfortável. O médico se apresentou, fez novamente perguntas e explicou como seria o exame. Ele colocou a ponteira do aparelho bem no meio da minha barriga, na parte que começa a subir. Na nossa frente, uma tela 55″ garantiu a vista perfeita de uma coluna vertebral enorme. Só olhei pro Ramon e ouvi ele falando “de novo não”. Para a esquerda estava a cabeça do bebê e para a direita o popozinho. Abaixou para ver as perninhas e pezinhos. Foi aí que ele procurou a perna para fazer a medição do fêmur para calcular a idade gestacional e parou no meio do corpinho. Acho que não tinha nem dado cinco minutos de exame quando ele parou a imagem, circulou algo e disse que já era possível saber o sexo. Naquele momento eu me senti a Rachel olhando a tela e tentando entender o que aquilo poderia ser. Ele olhou pra gente e soltou …
É MENINO!
Eu não sei mais o que foi dito pelo médico depois dessa frase. Não sei como não desmaiei naquela hora. Milhares de coisas passaram na minha cabeça. Eu estava tão grata por sermos escolhidos para criar um menino. Todas as nossas lutas, convicções e escolhas por uma sociedade mais justa e igualitária me fizeram sentir que juntos ensinaremos esse mocinho a fazer a diferença no mundo. Depois dos meus devaneios e viagens, voltei para o exame e perguntei se estava tudo certo com o bebê. O médico disse que dentro do possível de examinar nesse procedimento básico, estava tudo perfeito. Saímos da consulta assustados, mas tão tão tão felizes. Saber que está tudo bem com nosso mini gorducho foi incrível.
Sentamos para esperar o laudo e as imagens e só deu tempo de tentar respirar, assimilar tudo o que estamos vivendo, afinal, há menos de uma hora que descobrimos que em pouco mais de três meses teríamos nosso gordinho nos braços. Foi o tempo suficiente para ter a certeza que o único nome que havia sido colocado na lista de possíveis nomes, sugerido pela Sophia quando contamos que estávamos grávidos seria o escolhido.
ESTAMOS GRÁVIDOS DO …
… RAPHAEL!
Sophia minutos depois que soube que estávamos com bebê na pancinha falou “se for menino, pode ser Raphael?” e nós colocamos na lista de “okay, vamos pensar”. Na sala de espera da clínica, além da sugestão da mana, Ramon comentou (eu já sabia, mas juro que não lembrava) que quando era criança sabia que seu nome era assim, diferente, então escolheu Raphael como opção de nome caso pudesse mudar. Além disso, era seu tartaruga ninja favorito. Eu chorei igual uma grávida na hora que ele falou isso. A escolha do “ph” foi porque Sophia também tem esse charme no nome, então vamos manter a tradição.
Agora acabou o mistério e já vou poder responder todos que perguntaram se era menino ou menina! E ao contrário da primeira enquete que fiz nos stories que a maioria errou, agora vocês foram certeiros! Achei até engraçado que no início deu 100% de votos para menino.
Agora é começar a parte do enxoval, nos inteirar das novidades do mundo bebê depois de 13 anos e preparar a casa para a chegada do Raphael!
Um comentário neste post
Só complementando o que escrevi no primeiro post. Em treze anos, caso Deus não os presenteasse com Raphael, talvez você não se desse conta , do caminho percorrido. Talvez teria em sua mente, muito mais más lembranças do que boas. Mas em minutos, um loopping deu guinada de 360 graus. A boa nova foi tão maravilhosa, que as cores da vida ficaram mais vivas mais fortes. Que Deus abençoe o Raphael, com saúde, e que de fato , como você escreveu, que seja um homem que faça diferença neste mundo. Que Deus dê muita sabedoria a você e Ramon para ensinar os caminhos que ele deve percorrer. Um beijo na Sophia no Ramon e na Marcella. Amor paz união e muiiiiiita saúde! Beijos da sua mãe