Curitiba viveu agosto entre frio, chuva e dias de sol. Especialistas explicam por que a imunidade sofre tanto e quais cuidados ajudam a atravessar a estação com saúde e afeto.
Em Curitiba, agosto parecia um meme pronto: dois dias de sol de verão seguidos por uma sequência de frio, vento cortante e chuva sem fim. Foi impossível não lembrar do clássico Karatê Kid, na cena em que o casaco é tirado e colocado sem parar. Pois foi exatamente isso que vivemos: tira casaco, põe casaco, tira casaco, põe casaco. Essa gangorra climática mostra como inverno e saúde caminham juntos: quando o clima oscila, a imunidade sofre.
A cena poderia ser apenas engraçada se não tivesse impacto direto na saúde. Essa gangorra de temperaturas, típica do fim do inverno, somada ao ar mais seco, cria o cenário perfeito para gripes, resfriados e outros problemas respiratórios. O resultado? Corpos mais vulneráveis, especialmente no caso das crianças e dos idosos.
Mas afinal, por que adoecemos mais no inverno? E o que podemos fazer para manter a energia e a imunidade em alta mesmo nesses dias de clima maluco?
Por que ficamos mais gripados no inverno?
A velha crença de que “pegar friagem” causa gripe não é totalmente verdadeira. O infectologista Dr. Klinger Soares Faíco Filho explica que o frio, por si só, não transmite o vírus, mas deixa o organismo mais vulnerável.
Um dos principais fatores é a qualidade do ar. No inverno, ele fica mais seco e frio, irritando as vias respiratórias e facilitando a entrada de vírus e bactérias. Além disso, passamos mais tempo em ambientes fechados, onde há acúmulo de poeira, ácaros e pouca circulação de ar.
Outro ponto é o choque térmico. Sair de um ambiente aquecido para o vento gelado faz o corpo gastar energia para se adaptar, reduzindo momentaneamente a imunidade. “Consumir alimentos quentes, tomar banhos mornos e se agasalhar bem já são formas simples de minimizar esse impacto”, reforça o especialista.
Alimentação infantil nos dias frios
Se o clima já é um desafio para o organismo, a alimentação das crianças merece ainda mais atenção durante o inverno. A nutricionista Priscila Pilon alerta que descuidar dessa base pode trazer consequências reais: cansaço, intestino preso, irritabilidade, baixa imunidade e até ganho de peso.
“Não é preciso cortar o bolo da tarde ou o chocolate quente”, explica Priscila. “O segredo é manter a base nutritiva: frutas, legumes, hidratação, refeições principais com variedade. Assim, há espaço para os prazeres do inverno sem descuidar da saúde.”
Sopas, caldos, grãos como feijão e lentilha, raízes como mandioquinha e batata-doce, além de frutas ricas em vitamina C, são aliados poderosos para atravessar os dias frios. E envolver as crianças no preparo é uma forma de torná-las mais receptivas aos alimentos.
Prevenção de doenças respiratórias: vacinas e hábitos simples
O inverno também exige atenção redobrada à prevenção de doenças respiratórias. A médica de família Carolina Xavier destaca a importância de manter a casa ventilada, mesmo nos dias frios, e de redobrar a hidratação — tanto do corpo quanto das vias aéreas.
“Ambientes fechados aumentam a circulação de vírus. Sempre que possível, prefira janelas abertas e evite aglomerações. A hidratação nasal com soro fisiológico também ajuda a proteger as mucosas”, orienta Carolina.
E o ponto mais importante: vacinação em dia contra gripe e Covid-19. “As vacinas são fundamentais, mas devem ser complementadas por medidas como lavar as mãos regularmente e manter os sistemas de refrigeração limpos. Assim, reduzimos de forma significativa o risco de adoecimento”, reforça a médica.
5 dicas para comer melhor no frio
A nutricionista Jussiara Corsini lembra que, no inverno, o metabolismo acelera para manter a temperatura corporal — o que aumenta a fome. Mas não é qualquer comida que resolve. O ideal é apostar em refeições densas em nutrientes e que tragam aconchego sem excesso de gordura e açúcar.
As cinco dicas da especialista:
- Sopas e caldos com legumes pesados, como abóbora e batata-salsa, ajudam na saciedade.
- Proteínas grelhadas fornecem energia e saciedade sem excesso de gordura.
- Hidratação sempre: água, chás e sucos naturais cítricos para reforçar vitamina C.
- Versões integrais de arroz, massas e pães aumentam a ingestão de fibras.
- Termogênicos naturais, como gengibre, cacau, pimenta e chá verde, ajudam o corpo a se aquecer.
Inverno como tempo de cuidado e aconchego
O frio, a chuva e até as variações malucas de temperatura — como as que marcaram Curitiba neste agosto — podem ser desafiadores para a saúde. Mas também podem ser um convite para desacelerar, cuidar do corpo e criar memórias afetivas em família.
Com alguns ajustes simples — manter a vacinação em dia, apostar em uma alimentação equilibrada, hidratar-se, agasalhar-se bem e garantir momentos de afeto à mesa — é possível atravessar essa estação com mais disposição e menos risco de adoecer.
Porque, no fim das contas, o inverno não é só sobre resistir ao frio. É sobre se proteger, se aquecer e se conectar com quem a gente ama. O frio passa. Mas os hábitos e memórias que criamos ficam.