Será que leite fraco existe? E mamilo plano impede a amamentação? Especialistas explicam o que é mito e o que é verdade – sem julgamentos, só informação de qualidade.
Se você já ouviu que leite fraco existe, que quem tem mamilo plano não vai conseguir amamentar ou que a amamentação dói e cansa, respira: está na hora de separar mitos e verdades com quem entende do assunto.
Afinal, Agosto é Dourado porque o leite materno é padrão ouro — e merece, sim, informação de qualidade, livre de julgamentos e mitos ultrapassados.
Se você está chegando agora por aqui, o nosso primeiro post do #AgostoDourado traz um panorama completo sobre os benefícios da amamentação e os desafios mais comuns enfrentados pelas mães.
Conversamos com médicas, obstetras, pediatras, consultores e famílias para construir este guia que vai muito além de dicas: é acolhimento, ciência e apoio. E como apoio nunca é demais, reforçamos desde já: se você está amamentando, pretende amamentar ou já passou por isso, o seu sentimento é válido — e sua história importa.
1. Existe leite fraco?
Mito.
“Não existe leite fraco”, afirma a ginecologista e obstetra Viviane Monteiro. O que pode ocorrer são variações naturais na composição do leite conforme a fase da lactação ou o momento do dia.
O que muita gente chama de “fraco” geralmente é o leite anterior, mais aguado e refrescante — fundamental nos dias quentes. E mais: a qualidade do leite não depende da dieta da mãe, mas da fisiologia do corpo. Seu corpo sabe o que está fazendo.
2. Crianças com diarreia devem parar de mamar?
Mito.
Pelo contrário! “Crianças com diarreia devem continuar sendo amamentadas, pois o leite materno ajuda na hidratação e recuperação”, explica a Dra. Viviane.
Aliás, o leite materno é um dos únicos alimentos que não “agride” a mucosa intestinal inflamada, ao contrário de muitas fórmulas ou alimentos sólidos.
3. Se eu não consegui amamentar o primeiro filho, não conseguirei o segundo?
Mito.
Cada gestação é única — e cada jornada de amamentação também.
“É importante entender o que dificultou anteriormente: mamilo plano, prematuridade, estresse, malformações, uso de medicamentos …”, pontua a médica.
Com informação, apoio e preparo emocional, a experiência pode ser completamente diferente. Inclusive, mães que não amamentaram o primeiro podem ter sucesso e prazer ao amamentar o segundo.
4. Mamilo plano impede a amamentação?
Mito.
Esse é um clássico! Mas com informação e orientação correta, é possível sim. “Com apoio, a pega pode ser adaptada e o bebê aprende”, reforça Viviane.
5. Amamentar dói?
Parcialmente verdadeiro.
“No início pode haver fissuras e desconforto por erro de pega, mas a dor constante não é normal”, diz a médica. É aqui que entra o apoio de consultoras, enfermeiras e pediatras.
Aliás, a dor constante é um sinal de alerta — e não de fracasso. Amamentar não precisa doer para ser válida.
6. O colostro é fraco ou insuficiente para alimentar o bebê?
Mito.
O colostro, aquele líquido amarelado que sai nos primeiros dias após o parto, é um verdadeiro “ouro líquido” para o recém-nascido.
Apesar de ser produzido em pequena quantidade, ele é altamente concentrado em anticorpos, proteínas, vitaminas e minerais. Além de ser o alimento ideal para o início da vida, também atua como um laxante natural, ajudando o bebê a eliminar o mecônio (as primeiras fezes) e protegendo o intestino contra infecções.
Mesmo com pouco volume, ele atende perfeitamente às necessidades do bebê — afinal, o estômago de um recém-nascido é do tamanho de uma cereja!
7. É preciso lavar os mamilos antes de cada mamada?
Mito.
Essa prática é antiga — e ultrapassada. “Deve-se lavar apenas utensílios que podem ser fontes de infecção, não o mamilo”, explica Viviane.
Na verdade, o excesso de higiene pode até ressecar a pele e aumentar o risco de fissuras.

8. Amamentar é cansativo?
Parcialmente verdadeiro.
Mais do que a amamentação em si, o que esgota é a carga física, mental e emocional do puerpério. “O ato de amamentar não é cansativo. O que cansa é a privação de sono e a sobrecarga materna”, diz a Dra. Viviane.
O que traz alívio? Uma rede de apoio presente, funcional e empática.
9. Fórmulas são iguais ao leite materno?
Mito.
Fórmulas são seguras e essenciais quando bem indicadas, mas não têm os anticorpos e células vivas do leite humano. A escolha deve ser feita com o pediatra, sem culpa.
10. Amamentar deitada faz mal?
Depende.
Segundo os obstetras Frederico e Natália Monken, a posição deitada é segura quando a mãe está acordada. Dormir amamentando sem supervisão pode ser perigoso — principalmente nos primeiros meses.
11. Estimular o peito na gestação ajuda na produção?
Mito.
A produção depende da sucção do bebê após o nascimento. O estímulo antecipado pode, inclusive, causar contrações. “Se for feito, que seja orientado por um profissional”, alerta o casal de especialistas.
12. Prótese de silicone atrapalha?
Depende.
A maioria dos implantes modernos não atrapalha, mas há exceções. “Conversar com o cirurgião e com o obstetra antes da cirurgia é essencial para alinhar expectativas”, reforça a Dra. Viviane.
13. Rede de apoio é luxo?
Mito.
É necessidade. Amamentar sozinha e sobrecarregada pode levar ao desmame precoce. “A rede de apoio é pilar para o sucesso do aleitamento”, afirmam os especialistas. Isso inclui família, parceiros, escola e comunidade.
14. Amamentar reduz o risco de câncer de mama?
Verdade.
Cada 12 meses de aleitamento reduzem o risco em 4,3%, segundo a pediatra Dra. Patrícia Rezende. Um argumento poderoso, não só para mães, mas também para políticas públicas.
15. Dá para amamentar depois de ter tido câncer de mama?
Depende.
Se a mulher estiver em remissão e não tiver feito retirada completa da glândula mamária, é possível. Cada caso deve ser avaliado com a equipe médica.
16. Amamentação ajuda no desenvolvimento da fala?
Verdade.
O otorrino e foniatra Dr. Gilberto Ferlin explica: “O ato de sugar fortalece a musculatura da face e favorece o desenvolvimento da fala e da mastigação.”
17. O tipo de parto influencia na amamentação?
Em partes.
O parto normal ajuda a liberar ocitocina, facilitando a descida do leite. Mas mães que passam por cesárea também conseguem amamentar com sucesso — especialmente com suporte no pós-parto.
18. O pai ou companheira(o) não tem papel na amamentação?
Mito dos grandes.
Eles são parte essencial. Podem cuidar da mãe, assumir tarefas domésticas e emocionais, garantir silêncio, água fresca, alimentação e acolhimento. Apoio é amor em ação.
Um lembrete importante:
O Agosto Dourado também é tempo de refletir sobre as pressões que envolvem a maternidade.
Amamentar é um direito, não uma obrigação.
Amamentar pode ser maravilhoso — mas também pode ser desafiador.
E se você não conseguiu, não pôde ou não quis, ainda assim é uma mãe incrível.
Mais importante do que fórmulas ou métodos, é o amor. E por aqui, a gente segue defendendo que o melhor alimento é o vínculo, seja ele oferecido no peito, na mamadeira ou no colo.