Na Semana Mundial do Aleitamento Materno, o Mamãe de Salto faz uma pausa na fala técnica para escutar quem sente na pele (e no peito) o que é alimentar com o próprio corpo.
Amamentar é sobre nutrir um bebê. Mas também é sobre nutrir uma mulher que acabou de nascer como mãe.
Entre a idealização do momento mágico e a realidade dos bicos doloridos, noites sem dormir e o medo de não dar conta, existe uma travessia intensa – vivida por milhões de mães todos os dias. E, nessa Semana Mundial do Aleitamento Materno, o Mamãe de Salto quer propor um novo olhar: que tal falarmos mais da mãe?
É o que propõe o depoimento de Isabela Alves, 28 anos, jornalista e empresária, mãe do Bento, de 2 anos. Com uma lucidez leve, bem-humorada e cheia de verdade, ela nos convida a conhecer o lado B (de Bento e de bravura) da sua jornada de amamentação.
“Foi muito mais tranquilo do que imaginei! Tive bastante ajuda das enfermeiras da maternidade. Eu tinha zero noção, e elas me ensinaram tudo: desde a pega certa do bebê até massagear a mama e esgotar o leite. Nunca tive problemas com dor ou bico rachado”, relembra.
Mas nem tudo foi tão simples assim. O Bento nasceu prematuro e precisou ficar mais de 20 dias na UTI Neonatal. E aí começou o desafio real: como garantir que ele tivesse leite materno exclusivo, mesmo sem poder estar no peito?
“Eu tirava leite o tempo todo. Me esforcei muito para que ele não precisasse de fórmula, e deu certo. Ele tomou bem pouco no hospital e, quando chegou em casa, foi 100% leite materno.”
Não demorou para que a amamentação se tornasse mais do que um ato de alimentar. Virou um gesto de amor, entrega e… resistência. Especialmente quando a família decidiu viajar:
“No fim do ano passado fizemos uma viagem longa. Ele mamava o tempo todo, então era eu com um peito pra fora em todos os pontos turísticos. Até na neve! Meu peito quase congelou de frio, mas ele tava felizão!”
Hoje, Bento mama apenas à noite, mas a jornada segue. A vontade de parar aparece, mas a coragem de continuar também.
“Já pensei em parar várias vezes. Meu plano era até os dois anos, mas não consegui. Acho que ainda não tô pronta pra descobrir outro jeito de fazer ele dormir. Sei que vai me custar umas noites em claro, então tô adiando…”, conta rindo.
Entre a frustração e o amor nos olhos
Como tantas outras mães, Isabela também precisou desconstruir ideias pré-fabricadas sobre o que significa amamentar. Uma delas: a do “olhar mágico” entre mãe e bebê logo após o parto.
“Sempre achei linda aquela cena da mãe dando de mamar na sala de parto, se conectando com o bebê. Mas isso não rolou com a gente. Ele foi direto pra UTI. Fiquei frustrada no início. Só com o tempo entendi o que queriam dizer com esse vínculo. Hoje, quando ele me olha nos olhos enquanto mama, eu consigo sentir o amor e a gratidão no olhar dele.”
Dica de ouro? Esgote o leite — e viva o momento
A Isabela aconselha e acolhe como quem viveu cada gota dessa experiência.
“Esgote seu leite sempre que puder! Isso ajuda na produção e evita dor. Mas, acima de tudo, viva o momento. Porque esse tempo gostoso passa rápido demais.”
Um convite à escuta
A história da Isabela é só uma entre tantas que merecem ser contadas. Porque por trás de cada bebê bem alimentado, existe uma mulher que está aprendendo, tentando, chorando e celebrando silenciosamente suas pequenas vitórias.
A Semana Mundial do Aleitamento Materno fala sobre saúde pública, direitos da mulher e do bebê. Mas que também seja sobre afeto, acolhimento e escuta. Que a amamentação seja um vínculo – não uma cobrança. E que o peito que alimenta o filho, também seja abraçado pelo mundo.
Um comentário neste post
Parabéns pelo texto @mamaedesalto!